O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou atrás nesta sexta-feira (24) após uma declaração polêmica feita durante uma coletiva em Jacarta, na Indonésia, na qual afirmou que traficantes seriam “vítimas dos usuários” e que seria “mais fácil combater os viciados do que os traficantes”.
A fala, feita em resposta a uma pergunta sobre o combate internacional às drogas, gerou forte repercussão negativa, especialmente entre parlamentares da oposição e entidades ligadas à segurança pública.
Em publicação nas redes sociais, Lula admitiu que a frase foi “mal colocada” e tentou esclarecer sua posição.
“Fiz uma frase mal colocada quinta e quero dizer que meu posicionamento é muito claro contra os traficantes e o crime organizado”, escreveu o presidente no X (antigo Twitter).
Lula reforça combate ao crime organizado
Na sequência, o petista destacou que seu governo tem adotado ações concretas no combate ao narcotráfico e ao crime organizado.
“Mais importante é que as palavras são as ações que o meu governo vem realizando, como é o caso da maior operação da história contra o crime organizado, o encaminhamento ao Congresso da PEC da Segurança Pública e os registros recordes na apreensão de drogas no país. Continuaremos firmes no enfrentamento ao tráfico e ao crime organizado”, afirmou.
A declaração que gerou polêmica
Durante a entrevista na Indonésia, Lula havia dito que a luta contra as drogas não poderia se limitar à repressão dos traficantes, mas deveria envolver também os usuários, que ele classificou como parte da cadeia de consumo.
“Possivelmente fosse mais fácil a gente combater os nossos viciados internamente. Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também. Há uma troca: tem gente que vende porque tem gente que compra, e tem gente que compra porque tem gente que vende.”
As declarações foram dadas em meio a uma pergunta sobre as falas do ex-presidente dos EUA Donald Trump, que defendeu ações militares contra traficantes. Lula e Trump têm previsão de se encontrar neste domingo (26), em uma reunião paralela à Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), na Malásia.
Repercussão
Após a fala, diversos parlamentares criticaram o presidente por, segundo eles, relativizar a atuação de traficantes. Deputados da oposição afirmaram que Lula “minimizou o papel das organizações criminosas” e “confundiu a responsabilidade penal com a dependência química”.
A retratação, publicada horas depois, foi vista como uma tentativa de conter o desgaste político às vésperas do encontro internacional e de reafirmar o alinhamento do governo às políticas de segurança pública e combate ao tráfico.
