Carla Zambelli entra na lista vermelha da Interpol e pode ser presa fora do Brasil
Prisão preventiva foi decretada por Alexandre de Moraes após parlamentar deixar o país
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi incluída na lista de difusão vermelha da Interpol nesta quinta-feira (5), após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida atende a um pedido da Polícia Federal, que solicitou a inserção da parlamentar na lista internacional de procurados. Zambelli está fora do país desde 25 de maio, quando deixou o Brasil pela fronteira com a Argentina, pela região de Foz do Iguaçu.
Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por invadir sistemas do CNJ
A inclusão do nome na lista da Interpol ocorreu após a deputada ser condenada a 10 anos e 8 meses de prisão por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos falsos, incluindo um mandado de prisão forjado contra o próprio ministro Moraes no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
Deputada está na Itália e critica decisão do STF
Fontes ligadas à investigação apontam que Zambelli está atualmente na Itália. Antes disso, ela teria passado pela Flórida, nos Estados Unidos. Em nota oficial, a parlamentar criticou a decisão do ministro do STF, classificando-a como “monocrática” e acusando o Judiciário de perseguição política:
“Denunciarei esse abuso, essa perseguição e essa escalada autoritária em todos os fóruns internacionais possíveis. O mundo precisa saber que, no Brasil, ministros do Supremo agem como imperadores, atropelando leis, calando vozes, destruindo famílias”, declarou.
Interpol já havia rejeitado incluir outros bolsonaristas
A inclusão de Zambelli na lista da Interpol marca uma exceção entre nomes ligados ao bolsonarismo. A organização internacional já havia negado a inclusão de Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio, citando falta de evidências suficientes ou a existência de pedidos de refúgio em curso. Santos, ex-comandante do canal Terça Livre, vive nos Estados Unidos desde 2020, e Eustáquio estava na Espanha no momento do pedido.
Passaporte havia sido apreendido e depois devolvido
Zambelli teve o passaporte apreendido em agosto de 2023, como parte das investigações que levaram à sua condenação. A restrição, no entanto, foi suspensa posteriormente, o que possibilitou a saída do país. O STF decretou sua prisão preventiva nesta semana, dias após a condenação ser publicada.
Condenação pode tirar Zambelli da vida pública por 18 anos
Além da pena de prisão, a deputada pode perder o mandato e ficar inelegível por oito anos. A perda de elegibilidade não depende do trânsito em julgado da condenação e começa a valer com a publicação da sentença. No entanto, como a contagem só tem início após o cumprimento da pena, Zambelli poderá ficar afastada da política por, no mínimo, 18 anos. A defesa ainda pode apresentar embargos de declaração contra a decisão.