Escândalo da Farra do INSS expõe acesso indevido de servidores a dados de aposentados
Mais de 3 mil servidores tinham acesso a dados de aposentados no sistema Suibe. Governo bloqueou senhas e escândalo levou à queda de Carlos Lupi do Ministério da Previdência.
Mais de 3 mil pessoas podiam acessar informações confidenciais de beneficiários; governo reage com bloqueios e exonerações
Mais de 3 mil servidores públicos possuíam acesso direto ao Sistema Único de Informações de Benefícios (Suibe), plataforma que reúne dados sensíveis de milhões de aposentados e pensionistas brasileiros. A revelação faz parte do escândalo conhecido como Farra do INSS, que provocou a exoneração do então ministro da Previdência, Carlos Lupi, além da cúpula do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O Suibe reúne informações como nome, CPF, telefone, tipo de benefício (aposentadoria, pensão, salário-maternidade ou BPC) e o valor recebido mensalmente. O caso gerou forte reação no Palácio do Planalto. A primeira providência adotada foi o bloqueio imediato das senhas de todos os servidores com acesso e a limitação do sistema a apenas seis pessoas de confiança, conforme apurado pela coluna do Metrópoles.
Descontos ilegais nos benefícios
O escândalo teve início após denúncias de que aposentados estavam tendo descontos indevidos em seus benefícios, efetuados diretamente pelo INSS a partir de listas encaminhadas por sindicatos e entidades. Os valores eram debitados como se os beneficiários tivessem autorizado a filiação ou contribuição a essas instituições, o que não ocorreu na maioria dos casos.
A investigação revelou que o esquema operava com base nos dados sigilosos extraídos do Suibe, permitindo que entidades apresentassem as listas fraudulentas com informações corretas sobre os beneficiários.
Queda no Ministério e embate político
A revelação culminou na queda de Carlos Lupi do comando do Ministério da Previdência Social. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou sobre o caso e alegou que o esquema teria se originado ainda durante a gestão de Jair Bolsonaro. Segundo ele, a atual administração petista teria sido a responsável por desmantelar o golpe.
No entanto, até o momento, nenhum dos investigados pertence ao governo anterior, o que gera desconforto político dentro da própria base aliada e levanta suspeitas sobre a extensão do escândalo ao longo de diferentes gestões.
Governo busca recuperar credibilidade
Com a repercussão negativa, o governo federal adotou medidas para restringir drasticamente o acesso aos dados do Suibe. Técnicos envolvidos na nova gestão da Previdência afirmam que o controle sobre os acessos era “totalmente frouxo” e que o escândalo apenas evidencia a urgência de reformular a governança sobre informações sigilosas dos cidadãos.
Novas auditorias internas estão sendo conduzidas, e o Ministério da Gestão e da Inovação foi acionado para revisar os protocolos de segurança digital em todas as esferas do serviço público que lidam com dados pessoais. O objetivo, segundo fontes do governo, é “blindar o sistema contra novas fraudes e punir os envolvidos com rigor”.
O caso continua sob investigação e promete desdobramentos políticos e jurídicos nos próximos meses.