Presidente Lula garante construção da Ponte Salvador-Itaparica após décadas de espera
Lula afirma que a Ponte Salvador-Itaparica sairá do papel após anos de impasse. Com 12,4 km sobre o mar, será a maior da América Latina e contará com investimento de R$ 11 bilhões em parceria com consórcio chinês.
Com 12,4 km de extensão, ponte será a maior da América Latina e terá investimento de R$ 11 bilhões
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou, nesta quarta-feira (2), durante entrevista ao Jornal da Manhã, da TV Bahia, que a construção da Ponte Salvador-Itaparica está garantida. O projeto, que terá 12,4 km de extensão sobre o mar, será o maior da América Latina, segundo o governo da Bahia.
“A ponte será construída. O estudo da fundação está 100% pronto e vai começar. Um investimento de R$ 11 bilhões e vai ser uma revolução para o desenvolvimento da Bahia”, afirmou Lula.
Obra será executada por consórcio chinês em Parceria Público-Privada
A execução da obra será viabilizada por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) entre o governo da Bahia e um consórcio formado pelas empresas China Communications Construction Company (CCCC) e China Civil Engineering Construction Corporation (CCECC). O prazo previsto é de seis anos, sendo um ano dedicado ao projeto executivo e cinco anos para a construção.
O presidente classificou o processo de viabilização como complexo. “Foi um parto difícil. O [ministro da Casa Civil] Rui Costa sabe o quanto ele sofreu. Quantas vezes eu falei: ‘Oh meu amigo. E a nossa ponte?'”, relembrou Lula.
Histórico e detalhes do projeto
A ideia de uma ligação entre Salvador e Itaparica surgiu na década de 1970, mas só em 2010 o projeto foi retomado pelo governo estadual. Em 2019, o consórcio chinês venceu o leilão para construção e operação da ponte. De lá para cá, o valor inicial de R$ 7,6 bilhões foi reajustado devido à alta nos preços de insumos, juros e aço no mercado internacional.
A proposta atual aprovada pelo TCE estabelece:
- Custo final: R$ 10,4 bilhões (com incentivos federais, chega a R$ 11 bilhões);
- Prazo de concessão: 35 anos;
- Geração de empregos: aproximadamente 7 mil;
- Duração da obra: seis anos.
Sondagens e mobilização iniciadas
Em janeiro de 2024, começou a sondagem do solo. Em junho, teve início a perfuração em águas rasas, e o canteiro de apoio foi concluído em abril de 2025. Para essa etapa, mais de 20 empresas baianas foram contratadas, com um investimento de R$ 200 milhões.
Detalhes técnicos da ponte
A Ponte Salvador-Itaparica contará com:
- 12,4 km de extensão sobre o mar, na Baía de Todos-os-Santos;
- 85 metros de altura no vão principal (equivalente a um prédio de 30 andares), permitindo passagem de grandes embarcações;
- Três faixas por sentido e barreira de segurança central;
Imagens 3D do projeto foram divulgadas pelo governo estadual.
O consórcio responsável pela obra também participou da construção da ponte que liga Hong Kong a Macau, atualmente a maior do mundo, com 55 km de extensão.
Intervenções viárias previstas
O projeto contempla quatro trechos principais:
Trecho 1 – Acessos viários em Salvador
– 4 km de vias entre Calçada e Água de Meninos; – Dois novos túneis paralelos à Via Expressa; – Viadutos e estrutura para absorver o tráfego da ponte.
Trecho 2 – Ponte Salvador-Itaparica
– Três faixas por sentido; – Vão central de 482 metros; – Altura projetada para navios de grande porte por 50 anos.
Trecho 3 – Acessos viários na Ilha de Itaparica
– Nova via expressa de 22 km entre Mar Grande e Cacha Pregos.
Trecho 4 – Duplicação na BA-001
– Duplicação de 8 km entre Cacha Pregos e a Ponte do Funil.
Impactos econômicos e sociais
O governo da Bahia destaca que a ponte vai beneficiar 70% da população do estado, com impacto em cerca de 250 municípios. A obra deve impulsionar:
- Conexão logística entre o interior e o Porto de Salvador;
- Turismo no baixo-sul e sul do estado;
- Integração entre BR-101, BR-116 e BR-242 com a BA-001.
Desapropriações e impactos sociais
Em fevereiro de 2023, o governo estadual decretou utilidade pública de 14 áreas em Salvador, somando 63.524 m², para viabilizar os acessos viários à ponte. As desapropriações incluem indenizações a donos de imóveis.
Em junho, uma audiência pública promovida pelo Ministério Público Federal (MPF) revelou a existência de mais de 120 terreiros, comunidades indígenas, quilombolas, ciganas e de pescadores nas áreas afetadas. O MPF recomendou a realização de acordos para reduzir os impactos socioculturais.