Ação nas comunidades da Penha e do Alemão é a mais letal da história do estado; governo ainda não atualizou balanço oficial
A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro informou, na manhã desta quarta-feira (29), que o número de mortos na megaoperação das forças de segurança subiu para 132 pessoas. A ação, realizada nos complexos da Penha e do Alemão, registrou 128 civis mortos e quatro policiais, tornando-se a mais letal da história do estado.
Segundo relatos, mais de 60 corpos foram retirados pelos próprios moradores de uma área de mata no Complexo da Penha durante a madrugada. A cena evidenciou a gravidade da operação e o clima de tensão que tomou conta das comunidades desde o início das incursões policiais.
Apesar do novo balanço divulgado pela Defensoria, o governo do Estado do Rio de Janeiro ainda não atualizou seus números oficiais, mantendo o registro anterior de 64 mortes divulgado na terça-feira (28).
Ação mais letal já registrada no estado
A megaoperação foi conduzida por forças integradas de segurança, incluindo Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal, e tinha como alvo integrantes do Comando Vermelho (CV). Segundo as autoridades, o objetivo era cumprir mandados de prisão e desarticular o comando da facção nas comunidades da Zona Norte carioca.
Entretanto, organizações de direitos humanos e entidades civis vêm criticando o alto número de mortos e a falta de transparência nas ações, apontando possíveis excessos das forças policiais.
O caso reacendeu o debate sobre o uso da força em operações de segurança pública e o impacto dessas ações nas comunidades periféricas do Rio.
Contexto e repercussão nacional
A operação — que já vinha sendo alvo de questionamentos — ganhou ainda mais destaque após a divulgação de vídeos mostrando moradores transportando corpos em caminhões e motocicletas.
Parlamentares e entidades, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Anistia Internacional, pediram investigação independente sobre as mortes e a atuação das forças de segurança.
O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania informou que acompanha o caso e solicitou informações detalhadas ao governo do Rio de Janeiro.
Investigação em andamento
A Defensoria Pública do Rio e o Ministério Público Estadual abriram procedimentos para apurar as circunstâncias das mortes. Até o momento, o governo do estado afirma que as ações foram realizadas “dentro da legalidade” e que o confronto teria ocorrido com “criminosos fortemente armados”.
A megaoperação, que já entrou para a história como a mais letal do país, amplia as discussões sobre o modelo de segurança pública adotado no Rio e o papel das forças federais em ações estaduais de combate ao crime organizado.
