Deputado destina verba pública para recapear ruas de condomínio de luxo onde mora
Deputado Fábio Teruel (MDB) destinou R$ 2,2 milhões de emenda para recapear ruas do condomínio fechado onde mora, o Tamboré I, em Alphaville. Área também abriga artistas como Simone Mendes e Deolane Bezerra. Investigação pode indicar improbidade.
Fábio Teruel, do MDB, destinou R$ 2,2 milhões em emenda pix para obras no Tamboré I, conhecido como a “Beverly Hills paulista”
O deputado federal Fábio Teruel (MDB-SP) é alvo de questionamentos após destinar R$ 2,2 milhões em emenda parlamentar do tipo pix para o recapeamento de ruas internas do condomínio fechado Tamboré I, localizado em Alphaville, na cidade de Barueri (SP) — onde ele próprio reside com sua família, incluindo a esposa Ely Teruel, vereadora da cidade de São Paulo também pelo MDB.
Condomínio de alto padrão abriga celebridades
O Residencial Tamboré I é conhecido por ser um dos condomínios mais luxuosos do Brasil, apelidado de “Beverly Hills paulista”. Entre os moradores estão a cantora Simone Mendes, ex-dupla de Simone & Simaria, e a influenciadora Deolane Bezerra, presa preventivamente em 2024 em investigação sobre lavagem de dinheiro.
As residências no local chegam a custar até R$ 50 milhões, e as vias internas têm nomes de cidades do interior paulista, como Sorocaba, Limeira, Rio Claro, Ourinhos, Campos do Jordão e Andradina — muitas dessas foram incluídas no recapeamento feito com verba pública.
R$ 11 milhões em emendas e foco no condomínio
Documentos do portal da transparência do governo federal mostram que a Prefeitura de Barueri, comandada por Beto Piteri (Republicanos), declarou o recebimento de R$ 11 milhões em emendas enviadas por Fábio Teruel. Desse montante, R$ 2,2 milhões foram usados diretamente para as obras no Tamboré I, segundo documentação enviada à União.
Improbidade e lei da regularização urbana
A legislação brasileira proíbe parlamentares de destinarem emendas com finalidade de benefício próprio, o que pode configurar improbidade administrativa. A ação pode resultar em sanções legais e cassação de mandato, caso comprovada a intenção de autopromoção ou favorecimento pessoal.
A defesa pode alegar que, com base na Lei da Regularização Fundiária Urbana (REURB), de 2017, a prefeitura tem responsabilidade compartilhada com a administração de condomínios em relação à manutenção de vias internas — mas isso depende de norma formal homologada pelos órgãos públicos, o que ainda não foi comprovado neste caso.
Fiscalização e possível apuração
Diante da repercussão, o caso poderá ser analisado por órgãos de controle como o Ministério Público Federal (MPF) ou o Tribunal de Contas da União (TCU), que podem investigar eventual uso indevido de recursos públicos.
A situação levanta discussões sobre os limites éticos e legais das emendas pix, mecanismo que tem sido utilizado de forma crescente no Congresso Nacional por sua agilidade e pouca transparência em relação à destinação dos recursos.