Deputado que chamou Marina Silva de “adestrada” tentou mudar regimento para favorecer Eduardo Bolsonaro e Zambelli
Deputado Evair Vieira de Melo, que chamou Marina Silva de “adestrada”, propôs regra que permitiria deputados reassumirem cargos mesmo no exterior, medida que favoreceria Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli.
Evair Vieira de Melo também comparou ministra a grupos como Hamas e Hezbollah, gerando forte reação de Marina
O deputado federal Evair Vieira de Melo (PP-ES), que nesta quarta-feira (2) voltou a ofender a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao chamá-la de “adestrada”, é autor de uma proposta que poderia beneficiar parlamentares investigados e fora do país, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Carla Zambelli (PL-SP).
Proposta busca permitir atuação parlamentar do exterior
No mês passado, Evair apresentou uma proposta de mudança no regimento interno da Câmara dos Deputados, sugerindo que parlamentares licenciados possam reassumir os mandatos mesmo residindo no exterior. A medida poderia abrir caminho para que Zambelli e Eduardo voltem a exercer mandato, mesmo fora do Brasil.
Zambelli alegou perseguição política ao sair do país e se encontra na Itália, enquanto Eduardo Bolsonaro, que vive nos Estados Unidos, é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes como coação, obstrução de investigação e abolição do Estado Democrático de Direito.
Nova ofensa a Marina e associação a grupos extremistas
Em discurso na Câmara, Evair não apenas repetiu o termo “adestrada” usado anteriormente contra Marina Silva, mas também a associou à retórica de grupos extremistas, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o grupo palestino Hamas e o libanês Hezbollah.
— “Esse modus operandi da ministra não é algo isolado. A estratégia dela é a mesma que as Farcs colombianas usam, que o Hamas, Hezbollah usam”, declarou Evair.
A ministra reagiu dizendo que se sentiu “terrivelmente agredida”. Procurado pela imprensa, o deputado não respondeu aos questionamentos.
Histórico de ataques e tensionamento político
A hostilidade contra Marina Silva no Congresso tem se repetido. Em março, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) declarou publicamente que tinha vontade de “enforcar” a ministra. Em maio, ela chegou a deixar uma sessão no Senado após ataques de parlamentares.
Durante esses embates, Plínio afirmou:
— “A mulher merece respeito, a ministra, não.”
Já o senador Marcos Rogério (PL-RO) disparou:
— “Se ponha no seu lugar.”
Os episódios reforçam a crescente pressão política sobre a ministra do Meio Ambiente, especialmente por parte de parlamentares da base bolsonarista, ao mesmo tempo em que movimentações institucionais buscam ampliar o escopo de ação de deputados investigados no exterior.