Lula é homenageado por Macron e recebe título da Academia Francesa em visita a Paris
Presidente também discursou sobre Mercosul, conflitos internacionais e regulação de plataformas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou nesta quinta-feira (5) sua visita oficial à França com uma série de compromissos políticos e simbólicos. O chefe de Estado brasileiro foi recebido calorosamente pelo presidente francês Emmanuel Macron em Paris, em uma agenda marcada por encontros, homenagens e declarações contundentes sobre temas globais.
Encontro com Macron e pedido por avanço no Mercosul-UE
Em reunião bilateral, Lula apelou para que Macron “abra o coração” e colabore com o avanço do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. O presidente brasileiro reforçou seu desejo de concluir o tratado até o fim do ano e chegou a dizer que, se necessário, conversará diretamente com agricultores franceses que se opõem à proposta.
Declarações sobre conflitos internacionais
Lula aproveitou o palco internacional para se manifestar sobre crises globais. Em relação à guerra na Ucrânia, declarou estar preocupado com a escalada do conflito e defendeu diálogo entre as partes. Macron respondeu reforçando que o presidente russo Vladimir Putin foi quem iniciou a guerra.
Sobre o conflito na Faixa de Gaza, Lula criticou duramente o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, classificando sua atuação como “genocídio premeditado” contra os palestinos e cobrando uma postura mais firme das potências internacionais.
Homenagens em Paris e emoção com música brasileira
Durante a passagem pela capital francesa, Lula recebeu o título de cidadão honorário de Paris, entregue pela prefeita Anne Hidalgo, em cerimônia que contou com a presença de representantes da comunidade brasileira. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, emocionou os presentes ao interpretar “Coração de Estudante”, de Milton Nascimento, levando às lágrimas o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Reconhecimento da Academia Francesa
Em um dos momentos mais simbólicos da viagem, Lula foi homenageado pela tradicional Academia Francesa, tornando-se apenas o segundo brasileiro a receber a honraria — o primeiro foi Dom Pedro II, em 1872. A Academia, fundada no século XVII, é uma das instituições culturais mais respeitadas do mundo e inspirou a criação da Academia Brasileira de Letras.
Críticas a Trump e defesa da regulação digital
Em fala crítica ao ex-presidente dos EUA Donald Trump, Lula ironizou as atitudes do republicano e disse que participará do G7 no Canadá
“antes que os EUA anexem o país como estado americano”.
Ele também ironizou tentativas dos EUA de expandir seu domínio geopolítico:
“Agora querer tomar a Groelândia, o Canal do Panamá, o Canadá, e ainda taxar todo mundo como se fosse dono do comércio mundial, aí já é demais”.
Lula voltou a defender com firmeza a regulação das plataformas digitais, afirmando que o Parlamento precisa ter coragem de agir e, caso contrário, que a Suprema Corte dos países assuma esse papel.
Homenagem à família Paiva
Durante a cerimônia, Lula também se encontrou com Ana Paiva, filha de Rubens e Eunice Paiva. Ele recordou o sofrimento da família durante a ditadura militar, ressaltando o simbolismo do momento em um país democrático e comprometido com os direitos humanos.
Resumo dos compromissos de Lula na França:
- Encontro com Emmanuel Macron e apelo sobre o Mercosul;
- Declarações sobre guerra na Ucrânia e conflito em Gaza;
- Recebido como cidadão honorário de Paris;
- Homenageado pela Academia Francesa;
- Apresentação de Margareth Menezes com “Coração de Estudante”;
- Críticas à política internacional de Donald Trump;
- Defesa da regulação de plataformas digitais.