Operação Sisamnes: prefeito de Palmas é preso por esquema de vazamento de informações do STJ
A Operação Sisamnes prendeu o prefeito de Palmas, José Eduardo Siqueira Campos, por esquema de vazamento de informações sigilosas do STJ e PF. Mensagens revelam bastidores da espionagem.
Mensagens revelam rede de espionagem que antecipava decisões judiciais e ações da PF
O prefeito de Palmas (TO), José Eduardo Siqueira Campos (Podemos), foi preso na última sexta-feira (27) no âmbito da Operação Sisamnes, deflagrada pela Polícia Federal (PF) para desmantelar um esquema que envolvia o vazamento de informações sigilosas do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e de outros órgãos de investigação.
Segundo as apurações da PF, o gestor da capital tocantinense teria montado um sistema paralelo de espionagem institucional que lhe permitia ter acesso antecipado a decisões do STJ, pareceres da Procuradoria-Geral da República (PGR) e detalhes de operações policiais ainda em andamento.
Mensagens codificadas revelam bastidores do esquema
O programa Fantástico, da TV Globo, teve acesso exclusivo a mensagens trocadas entre os envolvidos no esquema. Em uma das conversas, uma das mensagens dizia:
“Oi, chefe. STJ andou tudo.”
De acordo com a PF, o termo “chefe” se referia diretamente ao prefeito José Eduardo Siqueira Campos.
A investigação mostra que o esquema utilizava mensagens curtas e codificadas para ocultar o conteúdo das comunicações. Em outra troca, o prefeito pergunta:
“Você acha que vai ser amanhã de manhã?”
A resposta que recebeu foi clara:
“São 16 homens. Quatro equipes da PF. Chegaram por terra.”
Advogado e policial civil também foram presos na operação
Além do prefeito, a Operação Sisamnes prendeu também o advogado Antônio Ianowich Filho e o policial civil Marco Augusto Velasco Albernaz. Segundo a PF, o policial era o responsável por acessar sistemas restritos da polícia e da Justiça, localizando alvos de operações em andamento e repassando dados estratégicos ao grupo.
A atuação do grupo comprometia o sigilo das ações da PF e do STJ, colocando em risco investigações em curso e favorecendo o prefeito em processos judiciais e administrativos.
Prefeito nega envolvimento, mas investigações indicam continuidade nos vazamentos
Apesar de o prefeito negar publicamente qualquer acesso privilegiado a informações confidenciais, a Polícia Federal confirmou que os repasses eram constantes e detalhados. A operação foi batizada de “Sisamnes” em referência a um juiz persa do século V a.C., famoso por ser punido com rigor extremo por corrupção — uma metáfora ao impacto simbólico do caso.
As investigações seguem em andamento e a expectativa é que novas denúncias sejam formalizadas nos próximos dias, com possível desdobramento em outras esferas do Judiciário.