Conflito entre Israel e Irã eleva o dólar e derruba o Ibovespa
O dólar subiu a R$ 5,49 e o Ibovespa caiu 0,30% com a escalada do conflito entre Israel e Irã e falas de Trump. Petróleo subiu mais de 4% e ações da Petrobras avançaram.
Mercado reage a tensões geopolíticas e declarações de Trump; petróleo dispara e Petrobras acompanha alta
A escalada do conflito no Oriente Médio entre Israel e Irã voltou a pressionar os mercados financeiros nesta terça-feira, 17 de junho. O dólar à vista registrou alta de 0,23%, encerrando o dia cotado a R$ 5,49. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), fechou em queda de 0,30%, aos 138.840 pontos.
O movimento reflete o aumento da aversão ao risco entre investidores globais diante das incertezas geradas pela ofensiva israelense e pelas duras declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em sua rede Truth Social, Trump afirmou que não busca um cessar-fogo, mas sim um “acordo real”, exigindo a “rendição total” do Irã. Ele ainda afirmou que sabe onde está o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, e declarou que não o matará “por enquanto”.
Petróleo dispara e impulsiona ações da Petrobras
Com o aumento da instabilidade na região, os preços do petróleo subiram com força. O barril do tipo Brent, referência global, com vencimento em agosto, avançou 4,40%, fechando a US$ 76,45. O WTI, usado como referência nos EUA, subiu 4,28%, a US$ 71,88.
O desempenho positivo da commodity refletiu diretamente nas ações da Petrobras. Às 16h40, os papéis preferenciais da estatal (PETR4) subiam 2,51%, enquanto os ordinários (PETR3) registravam alta de 3,12%. Além da valorização do petróleo, a empresa foi beneficiada pela notícia de que, junto à Exxon, Chevron e CNPC, arrematou 19 dos 47 blocos de exploração na Bacia da Foz do Amazonas.
Mercado em compasso de espera para a “superquarta”
Investidores mantêm cautela às vésperas da chamada “superquarta”, marcada pelas decisões sobre as taxas de juros nos Estados Unidos e no Brasil. As reuniões dos respectivos bancos centrais começaram nesta terça e os anúncios serão feitos no dia seguinte (18/6).
No cenário doméstico, o mercado segue dividido quanto ao próximo passo do Comitê de Política Monetária (Copom). A expectativa majoritária é de um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa Selic, mas há apostas em manutenção do patamar atual. O ambiente de juros elevados ainda atrai capital estrangeiro, o que ajudou a limitar uma alta maior do dólar.
Banco do Japão e o dólar global
A decisão do Banco do Japão de manter os juros inalterados também teve impacto no fortalecimento do dólar em escala global. Para Bruno Shahini, especialista da Nomad, o fluxo de entrada de recursos no Brasil suavizou a pressão no câmbio.
“No entanto, o movimento externo foi contrabalançado por entradas de capital no Brasil, atraídas pelo diferencial elevado de juros e pela expectativa da reunião do Copom amanhã, cujas apostas indicam um aumento de 0.25 ponto percentual (da Selic), mas se encontram divididas. O fato é que o Banco Central deve manter o juros elevados por mais tempo”, comentou Shahini.
Agenda esvaziada e risco político limitam avanço do Ibovespa
Alexandro Nishimura, da Nomos, destaca que a combinação de cenário externo tenso e instabilidade política local impediu que o Ibovespa rompesse com consistência a marca dos 140 mil pontos.
“O agravamento do conflito entre Israel e Irã voltou a aumentar a aversão ao risco nos mercados globais. Sem sinais de cessar-fogo, os investidores seguiram migrando para ativos considerados mais seguros”, explicou.
Além disso, a proposta de mudanças no IOF ainda traz incertezas no plano doméstico. Para os analistas, a ausência de catalisadores positivos e os feriados de quinta-feira, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, contribuíram para a cautela dos investidores.