Hugo Motta avalia punições a deputados por motim bolsonarista na Câmara

Hugo Motta avalia punições a deputados por bloqueio à Mesa da Câmara durante motim bolsonarista. Imagens estão sendo analisadas.

Presidente da Casa analisa imagens para responsabilizar parlamentares que impediram retomada da sessão

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quinta-feira (7) que está analisando imagens das câmeras da Casa para decidir se aplicará punições a deputados que resistiram à liberação da Mesa Diretora durante um protesto bolsonarista ocorrido na noite de quarta-feira (6). A situação atrasou o reinício das atividades legislativas e gerou tensão entre os parlamentares.

Deputados bolsonaristas impediram subida de Motta à Mesa

Durante o episódio, pelo menos três deputados foram apontados como os principais envolvidos no bloqueio: Zé Trovão (PL-SC), que chegou a barrar fisicamente a subida de Hugo Motta com a perna; Marcel van Hattem (Novo-RS), que permaneceu sentado na cadeira da presidência; e Marcos Pollon (PL-MS), que se recusou inicialmente a deixar o posto ocupado.
Aliados do presidente da Câmara avaliam que deixar de aplicar punição, especialmente no caso de Van Hattem, poderia enfraquecer a autoridade de Motta. O parlamentar do Novo resistiu a deixar a cadeira mesmo após a sinalização do fim do protesto.

Suspensão de mandato por até seis meses está em debate

Em nota divulgada na quarta-feira, o presidente da Casa já havia alertado que “quaisquer condutas que tenham por finalidade impedir ou obstaculizar as atividades legislativas” estariam sujeitas a sanções regimentais, como a suspensão cautelar do mandato por até seis meses.

“Estamos avaliando as imagens, existem pedidos de líderes para punir. Será uma decisão conjunta da Mesa. Está, sim, em avaliação punição a alguns parlamentares que se excederam para dificultar o reinício dos trabalhos”, declarou Motta em entrevista ao portal Metrópoles.

“Não cabe a esse presidente usar da força física para garantir a normalidade dos trabalhos, cabe usar instrumentos regimentais”, acrescentou.

Líderes de partidos cobram providências

Durante a sessão plenária desta quinta-feira (7), os líderes do PT e do PSOL cobraram providências e responsabilização dos envolvidos no bloqueio à Mesa Diretora. O episódio, segundo eles, comprometeu o funcionamento democrático da Câmara.
Zé Trovão justificou sua ação como tentativa de evitar o uso de força física para a retirada dos parlamentares.

“Em nenhum momento pensamos em incentivar a violência ou qualquer coisa do tipo, simplesmente estávamos somente nos defendendo caso necessário. O nosso protesto foi para que o presidente Hugo Motta cumprisse com a palavra de pautar a anistia e, após nossa liderança ser ouvida, liberamos a subida”, afirmou.

Sóstenes assume responsabilidade por ordem a Zé Trovão

O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), declarou que foi ele quem orientou Zé Trovão a se posicionar na escada para impedir a subida de Motta. “Se alguém tiver que ser punido sou eu, não o Trovão”, afirmou em discurso no plenário. Durante sua fala, Sóstenes manteve críticas ao Supremo Tribunal Federal, mas também defendeu uma postura de conciliação e pediu perdão a Hugo Motta.

Van Hattem diz que não foi informado sobre fim da obstrução

O deputado Marcel van Hattem declarou ao *O Globo* que não havia sido comunicado oficialmente de que a oposição havia encerrado o protesto. Por isso, resistiu a deixar a cadeira da presidência no momento em que Hugo Motta tentava retomar o comando da sessão.

Motta só conseguiu reassumir comando após negociação com oposição

Hugo Motta retomou a presidência da sessão às 22h21 da quarta-feira (6), após intensa negociação com a oposição, intermediada pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A travessia até a cadeira da presidência durou mais de seis minutos e foi marcada por empurra-empurra e resistência. Em determinado momento, Motta retornou ao gabinete antes de ser levado de volta à Mesa.
A Mesa Diretora da Câmara ainda deve se reunir nos próximos dias para concluir a análise das imagens e definir se haverá punições formais aos envolvidos no episódio.