Desafios e repercussões diplomáticas da expedição africana de Lula
A expedição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao continente africano destacou-se não apenas pelos contratempos programáticos mas também pela incômoda irritação presidencial. A visita, que incluiu escalas em Cairo (Egito) e Adis Abeba (Etiópia), culminou em uma controversa comparação entre os conflitos na Faixa de Gaza e o holocausto, inflamando uma nova crise diplomática com Israel.
Finalizando no domingo (18), a odisséia africana de cinco dias de Lula enfatizou a crítica situação na Faixa de Gaza como tema central, permeando seus discursos e dominando as discussões em encontros bilaterais. Persistente em suas críticas à resposta de Israel, qualificada por ele como “desproporcional”, Lula reiterou seu descontentamento com o descumprimento israelense das diretrizes da ONU.
Embora mantivesse uma retórica firme, Lula exerceu prudência para não comprometer sua posição como potencial mediador nas negociações de paz, condenando igualmente as ações do Hamas. A situação escalou quando sua fala tocou um tema extremamente sensível, ao comparar os atos em Gaza aos perpetrados por Hitler contra os judeus, usando termos como “genocídio” e “chacina”.
Esse comentário representou uma guinada significativa em relação à abordagem previamente planejada para a viagem, que previa uma postura crítica em relação a Israel, porém, com uma retórica cautelosa, especialmente em fóruns pró-Palestina.
Internamente, as opiniões sobre o comentário do presidente divergem; enquanto alguns o veem como um deslize, outros o interpretam como uma estratégia para intensificar o foco internacional na crise de Gaza, enfatizando a gravidade da situação sem minimizar o holocausto.
A viagem também foi uma oportunidade para Lula reafirmar laços comerciais e buscar apoio para o Sul Global e reformas financeiras globais. Apesar dos desafios, sua defesa do perdão da dívida africana pelo FMI foi bem recebida, destacando a necessidade de converter dívidas em investimentos para desenvolvimento.
Contratempos, como cancelamentos de reuniões devido a questões logísticas e a ausência de importantes figuras em eventos programados, marcaram a viagem, refletindo em uma percebida frustração por parte do presidente.
Apesar dos obstáculos, Lula conseguiu dialogar com líderes chave, como os da Nigéria e Quênia, reiterando a importância de revitalizar as relações comerciais e de cooperação.