Ferrari, Porsche e Ducati: PF apreende frota de luxo em operação contra sindicato ligado a irmão de Lula
A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira (9/10), uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema milionário de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS.
A ação tem como alvo o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), entidade ligada a José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Durante as diligências, realizadas em oito estados e no Distrito Federal, a PF apreendeu veículos de luxo, armas e cofres, além de quantias em dinheiro vivo.
Frota de luxo e bens apreendidos
Entre os bens recolhidos estão uma Ferrari, um Porsche, Jeeps, um Mini Cooper, uma moto Ducati — apelidada de “a Ferrari das motos” — e um Volvo.
Também foram apreendidos cofres, armas, munições e valores em espécie. Todo o material será submetido à perícia técnica.
A PF ainda não divulgou a quem pertencem os bens apreendidos, mas afirmou que eles foram encontrados em endereços ligados ao Sindnapi e a seus dirigentes.
Operação em oito estados
Foram cumpridos 66 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em:
São Paulo, Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Pernambuco, Bahia e Distrito Federal.
A operação contou com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU).
Irregularidades no Sindnapi
Segundo documentos da CGU enviados à CPMI do INSS, o Sindnapi omitiu ao INSS a presença de Frei Chico em sua diretoria.
A omissão violaria a legislação que proíbe parcerias entre órgãos públicos e entidades que tenham parentes diretos de agentes políticos entre seus dirigentes.
“Ao omitir o vínculo de parentesco direto entre um de seus dirigentes e o presidente da República, o sindicato criou um ambiente de aparente regularidade que induziu os órgãos públicos a erro”, aponta o documento da CGU.
Na época da assinatura do convênio, em junho de 2023, Frei Chico era diretor nacional de Representação dos Aposentados Anistiados. Atualmente, ele ocupa a vice-presidência do Sindnapi.
Farra de R$ 259 milhões
A investigação aponta que o Sindnapi arrecadou cerca de R$ 259 milhões em mensalidades associativas entre 2019 e 2024, por meio de descontos automáticos em benefícios previdenciários.
A PF e a CGU investigam inserção de dados falsos em sistemas públicos, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa, com contratos suspeitos e empresas de fachada.
Os investigadores também apuram ocultação de patrimônio e movimentações financeiras incompatíveis com as declarações oficiais dos dirigentes do sindicato.
Defesa do sindicato
Em nota, o Sindnapi afirmou ter recebido com “surpresa” o cumprimento dos mandados e negou qualquer irregularidade:
“O sindicato reitera seu repúdio e sua indignação com quaisquer alegações de prática de delitos e comprovará a lisura de sua atuação, sempre em prol de seus associados”, disse a entidade.
Convocação à CPI
O presidente do Sindnapi, Milton Baptista de Souza Filho, foi convocado para depor à CPMI do INSS, também nesta quinta-feira (9/10).
Ele é citado nas investigações e, segundo sua defesa, se manteve em silêncio durante a oitiva, alegando falta de condições psicológicas após ser alvo da operação na manhã do mesmo dia.
