Professores municipais mantêm greve após um mês de paralisação em Salvador
Greve completa 30 dias e atinge mais de 130 escolas da rede municipal
A greve dos professores da rede municipal de Salvador completa 30 dias nesta quarta-feira (4), sem previsão de encerramento. Segundo a Secretaria Municipal da Educação (Smed), 138 escolas permanecem totalmente paralisadas, 189 funcionam parcialmente e apenas 79 operam normalmente. Ao todo, a capital baiana possui mais de 400 unidades escolares que atendem cerca de 131 mil estudantes.
Categoria reivindica pagamento do piso nacional do magistério
A paralisação teve início no dia 6 de maio e integra a campanha salarial dos educadores. A principal demanda dos professores, representados pela APLB-Sindicato, é o pagamento integral do piso nacional da categoria, fixado pelo Ministério da Educação em R$ 4.867,77 para 2025. A prefeitura propôs um reajuste de 4%, considerado insuficiente pela categoria, que alega defasagem superior a 58%.
Mesmo com decisão judicial contrária, greve foi mantida
No dia 7 de maio, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) determinou, em liminar, a suspensão da greve em até 24 horas, com multa diária de R$ 15 mil em caso de descumprimento. A categoria, no entanto, manteve a mobilização. Após a aprovação do reajuste pela Câmara, em 22 de maio, o TJ-BA considerou a greve ilegal e aumentou a multa para R$ 100 mil por dia, sem sucesso em interromper a paralisação.
Professores protestam e invadem Câmara de Vereadores
No mesmo dia da votação, os professores realizaram um protesto em frente ao Centro de Cultura da Câmara Municipal, na Praça São Tomé de Souza. Parte dos manifestantes foi impedida de entrar no local e acabou forçando a entrada, resultando em confronto com a Polícia Militar, uso de spray de pimenta e uma porta de vidro quebrada. O sindicalista Bruno Carianha foi preso por incitação à invasão, mas solto no mesmo dia.
Reajuste foi aprovado com variações entre 4,83% e 9,25%
O Projeto de Lei do reajuste salarial, enviado pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil), foi aprovado após tumulto na sessão. Os percentuais aprovados foram os seguintes: – 9,25% para professores de Nível 1/Referência A; – 6,65% para Nível 1/Referência B; – 6,27% para o quadro suplementar do magistério; – 4,83% para os demais servidores municipais.
Prefeitura afirma que maioria já recebe acima do piso nacional
O prefeito Bruno Reis declarou à TV Bahia que o reajuste foi o maior dos últimos quatro anos, comparando com outras capitais. Segundo ele, a maioria dos 10 mil professores da rede já recebe acima do piso nacional, pois o cálculo considera gratificações fixas de 45%, válidas para aposentadoria.
“Com a variação de 6,27% a 9,25%, estamos praticando o maior reajuste nesses quatro anos de mandato e quero enfatizar que é o maior reajuste do Brasil em relação a outras cidades”, afirmou o prefeito.
“Dos 10 mil professores de Salvador, em 8% deles havia uma dúvida de interpretação entre o sindicato e a Prefeitura. A Prefeitura interpreta, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal, de que as gratificações fixas e permanentes, de 45% do salário, que são pagas a todos indistintamente, fazem parte dos vencimentos dos professores. Essas gratificações inclusive computam para efeito de aposentadoria. Volto a dizer: estamos falando de apenas 800 professores dos 10 mil”, acrescentou.
Categoria segue mobilizada e sem previsão de retorno
Mesmo após a aprovação do reajuste e as decisões judiciais, a APLB-Sindicato mantém a paralisação. Além da questão salarial, a categoria também reivindica a climatização das salas de aula, mais materiais pedagógicos e valorização profissional. A greve completa um mês sem definição de quando as aulas serão retomadas em sua totalidade.