Dólar oscila com acordo comercial entre EUA e China e cautela com pacote fiscal do governo Lula
Dólar abre estável com acordo entre EUA e China e oscila ao longo do dia com inflação abaixo do esperado e incertezas sobre pacote fiscal do governo Lula. Mercado avalia medidas de Haddad.
Inflação abaixo do previsto e indefinição sobre IOF impactam câmbio; Bolsa fecha em alta com Petrobras
O dólar iniciou a quarta-feira (11) com leve variação positiva de 0,03%, cotado a R$ 5,5708, após o anúncio de um princípio de acordo entre Estados Unidos e China para encerrar a disputa tarifária iniciada anos atrás. No entanto, a moeda americana oscilou ao longo do dia com reações do mercado à inflação brasileira e ao pacote fiscal do governo Lula.
Acordo entre EUA e China traz alívio parcial ao mercado
Na noite anterior, os governos de Joe Biden e Xi Jinping divulgaram que chegaram a um consenso para manter o acordo firmado em Genebra, que prevê a redução de 115 pontos percentuais nas tarifas recíprocas. A resolução também trata do controle chinês sobre as terras raras e do aumento das taxas de exportação dos EUA, mas os detalhes ainda não foram divulgados.
O acordo será submetido à aprovação dos chefes de Estado. O anúncio contribuiu para uma abertura mais estável do mercado de câmbio nesta quarta.
IPCA surpreende para baixo e reforça expectativa de corte nos juros
Às 11h18, o dólar chegou a cair 0,41%, sendo cotado a R$ 5,538, após o IBGE divulgar que o IPCA subiu 0,26% em maio — abaixo da mediana das projeções (0,32%) e menor que o avanço de 0,43% em abril. A inflação acumulada em 12 meses recuou de 5,53% para 5,32%.
A desaceleração foi influenciada pela queda no preço das passagens aéreas, combustíveis e menor pressão de alimentos. O dado aumenta as apostas em um eventual corte da taxa Selic, atualmente em 14,75%, o que agrada investidores.
Mercado monitora incerteza sobre pacote fiscal de Haddad
Apesar da reação positiva à inflação, o câmbio voltou a piorar no período da tarde. Às 15h56, o dólar subia 0,28%, chegando a R$ 5,576, em meio à cautela com as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o novo pacote fiscal.
O governo anunciou a intenção de instituir uma alíquota de 17,5% no Imposto de Renda sobre rendimentos de aplicações financeiras e de 5% sobre investimentos hoje isentos, como LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas.
Contudo, Haddad não detalhou como será feita a compensação da arrecadação que seria obtida com o aumento do IOF, deixando investidores apreensivos. A fala do presidente da Câmara, Hugo Motta, reforçou o alerta ao afirmar que o Congresso não garantiu apoio às medidas propostas.
Bolsa fecha em alta com impulso das ações da Petrobras
Enquanto o dólar oscilava, a Bolsa brasileira (B3) encerrou o dia com valorização de 0,54%, aos 136.436 pontos. A alta foi puxada pelas ações da Petrobras, que reagiram positivamente mesmo com a leve queda dos preços internacionais do petróleo.
Os papéis PETR3 subiram 3,64%, fechando a R$ 32,38. Já PETR4 teve alta de 3,01%, a R$ 30,05. As cotações foram beneficiadas pela perspectiva de retomada econômica global com o avanço nas relações comerciais entre EUA e China.
Trump e Xi Jinping voltam a dialogar
A agência estatal chinesa Xinhua confirmou que o ex-presidente Donald Trump telefonou para Xi Jinping, marcando o primeiro contato direto entre os dois desde a posse do republicano. A conversa, segundo a Casa Branca, sinaliza uma tentativa de reaproximação e continuidade nas negociações econômicas.
A reabertura do diálogo entre as duas maiores economias do mundo contribuiu para aliviar o temor dos investidores globais sobre os rumos da economia internacional.
Expectativas para a próxima reunião do Copom
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central está marcada para os dias 17 e 18 de junho. Com a inflação surpreendendo para baixo, parte do mercado já cogita a possibilidade de corte na Selic, embora a maioria das apostas ainda aponte para manutenção da taxa.
Segundo o economista Anderson Silva, da GT Capital:
“o mercado reagiu bem aos dados do IPCA mais fracos, o que pode antecipar cortes na taxa básica de juros, algo que não estava, e ainda não está, no radar dos investidores para 2025”.
Boletim Focus mantém projeção para inflação em 2026
O boletim Focus, divulgado na segunda-feira (10), manteve a estimativa de inflação em 5,44% para 2025 e em 4,5% para 2026, acima do centro da meta do BC, que é de 3%. Se os próximos indicadores econômicos mostrarem melhora, analistas acreditam que o ciclo de alta de juros pode ter chegado ao fim.
Pontos de atenção para os próximos dias
Investidores seguem atentos aos desdobramentos das medidas fiscais, à reação do Congresso e às próximas sinalizações do Banco Central. O câmbio e a renda variável devem continuar voláteis diante das incertezas domésticas e internacionais.