sexta-feira, 5 dezembro 2025
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Mauro Cid reafirma ao STF que Bolsonaro editou “minuta do golpe” com prisões e novas eleições

Tenente-coronel detalha à Justiça Federal participação do ex-presidente em minuta com ordens golpistas; documento previa prisão de Moraes e questionava eleições de 2022.

Mauro Cid afirma ao STF que Bolsonaro leu e editou a “minuta do golpe”

Mauro Cid afirma ao STF que Bolsonaro leu e alterou minuta do golpe. Documento previa prisão de autoridades e decretava novas eleições. Filipe Martins é citado como coautor.

Ex-ajudante de ordens reafirma envolvimento direto do ex-presidente em documento que previa prisão de Moraes e convocação de novas eleições

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), voltou a afirmar nesta segunda-feira (14/7), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente editou um texto com propostas para reverter o resultado das eleições de 2022 — documento que ficou conhecido como a “minuta do golpe”.

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Cid foi ouvido na condição de informante de juízo, em ação que investiga os núcleos 2, 3 e 4 da suposta tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Segundo ele, Bolsonaro leu, alterou e enxugou o conteúdo do documento, que incluía medidas como prisão de autoridades e decretação de novas eleições.

Documento previa prisão de Moraes e questionava TSE e STF

O militar detalhou que a primeira versão da minuta previa até a prisão de Rodrigo Pacheco, então presidente do Congresso Nacional, mas que Bolsonaro teria reduzido as medidas para focar apenas no ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na época.

“O documento basicamente era composto de duas partes. A primeira parte eram os considerandos — interferências que o TSE e o STF teriam feito no processo eleitoral — e a segunda era um artigo com ações e determinações a serem tomadas”, relatou Cid.

Segundo ele, os considerandos citavam possíveis irregularidades no pleito, e as ações previstas incluíam prisões e medidas autoritárias para contestar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Filipe Martins é citado como coautor da minuta

Cid também declarou que o ex-assessor para assuntos internacionais da Presidência, Filipe Martins, estava presente durante as discussões do documento e seria um dos autores do texto, junto com um jurista não identificado.

O depoimento reafirma os relatos anteriores de Cid, que já havia citado a minuta em delações e depoimentos anteriores. A nova fala reforça a acusação de que o núcleo próximo ao ex-presidente articulava estratégias para impedir a posse de Lula.

Depoimentos no STF reúnem 178 testemunhas até 23 de julho

A oitiva integra a extensa programação do STF, que vai ouvir 178 testemunhas em ações contra os réus dos núcleos 2, 3 e 4, com sessões realizadas até 23 de julho, sob coordenação dos juízes auxiliares do gabinete de Moraes. Os trabalhos são transmitidos por videoconferência e permitem a participação de defesas e representantes da PGR, que podem formular perguntas.

Entre os réus, destacam-se Silvinei Vasques (ex-diretor da PRF), Filipe Martins, Marcelo Câmara e diversos militares da ativa e da reserva, incluindo generais e coronéis do Exército, além de agentes da Polícia Federal.

Acusações incluem golpe de Estado, organização criminosa e tentativa de assassinato

A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que os núcleos participaram de ações para manter Bolsonaro no poder, como uso da PRF para dificultar o voto no Nordeste, planejamento de atentados contra autoridades, elaboração de cartas golpistas e disseminação de desinformação eleitoral.

Entre os crimes investigados estão:

  • Tentativa de golpe de Estado;
  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • Organização criminosa armada;
  • Dano qualificado ao patrimônio público.

As audiências seguem com presença de nomes de destaque na política e nas Forças Armadas, além de testemunhas internacionais e autoridades públicas. O STF prossegue na coleta de provas para instruir as ações penais contra os envolvidos na suposta articulação golpista.

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Gabriel Figueiredo
Gabriel Figueiredo
Gabriel Figueiredo, jornalista baiano, nascido em Feira de Santana, com mais de 15 anos de experiência, é referência em notícias locais e inovação do Minha Bahia.
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