Haddad diz que Lula não repetirá submissão de Bolsonaro e critica tarifaço de Trump
Haddad afirma que Lula não repetirá submissão de Bolsonaro a Trump e defende negociações dignas contra tarifaço de 50% dos EUA sobre produtos do Brasil.
Ministro da Fazenda afirma que Brasil vai negociar com dignidade e aponta incômodo dos EUA com o Pix
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou a postura adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro nas relações com os Estados Unidos e afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não irá “abanar o rabo e falar ‘I love you’” para Donald Trump. A declaração foi feita nesta terça-feira (29), em entrevista à CNN Brasil, ao comentar o anúncio do governo americano de sobretaxar em 50% os produtos brasileiros exportados aos EUA, medida que começa a valer a partir de 1º de agosto.
Segundo Haddad, a oposição quer submeter o país aos interesses estrangeiros, enquanto o governo federal defende uma negociação com racionalidade e respeito mútuo.
“Você não vai querer que o presidente Lula se comporte como o Bolsonaro se comportava, abanando o rabo e falando ‘I love you’, batendo continência. Isso não é arrogância, nós queremos respeito com o Brasil”, afirmou o ministro.
Diálogo com cautela e plano de contingência
Haddad explicou que ainda não está claro o que os EUA esperam do Brasil para abrir uma negociação e que, por isso, o governo prepara-se para cenários variados. Segundo ele, um plano de contingência já foi entregue ao presidente Lula e elaborado em conjunto com os Ministérios da Fazenda, Desenvolvimento, Casa Civil e Relações Exteriores.
O ministro evitou antecipar detalhes, mas garantiu que cada cenário foi mapeado com vantagens e riscos.
“Nós temos que ter muito cuidado com isso. Assim como estou dizendo que Trump pode estar dando um tiro no pé, nós não podemos cometer um erro simétrico”, afirmou.
Para Haddad, não se trata de retaliação, mas de proteger os interesses nacionais com responsabilidade.
Incômodo com o Pix e pressão externa
O ministro revelou ainda que outros temas têm incomodado o governo americano, entre eles o sucesso do Pix, que, segundo ele, é uma tecnologia de Estado.
“É um expediente do qual o governo brasileiro não pretende abrir mão”, garantiu.
Além do impacto direto no comércio, Haddad destacou que a tarifa imposta por Trump pode aumentar a inflação nos EUA, penalizando o trabalhador americano.
“Vai encarecer o dia a dia do trabalhador americano e pode diminuir os custos no Brasil”, observou.
Inflação e efeitos internos
Mesmo com o tarifaço, Haddad avaliou que a inflação brasileira caminha para atingir a meta prevista, embora admita que possa haver impacto pontual nos preços de alimentos, principalmente carnes e frutas — principais alvos da medida americana.
O ministro reforçou que a expectativa do governo é pela revisão da decisão por parte dos EUA.
“Na minha opinião, o melhor que poderia acontecer é nada. É manter a relação como sempre foi”, concluiu.
