Bolsonaristas fazem ato por anistia na Esplanada dos Ministérios com presença de Flávio Bolsonaro
Um grupo de bolsonaristas realizou, na tarde desta terça-feira (7), uma caminhada pela anistia na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos demais condenados por tentativa de golpe de Estado. O ato teve como destino o Congresso Nacional e foi marcado por discursos políticos, bandeiras do Brasil e faixas pedindo o “perdão total” aos investigados.
Flávio Bolsonaro e Bia Kicis discursam em defesa da anistia
Logo no início da manifestação, um dos organizadores admitiu que o público era reduzido.
“Nós sabemos que é uma terça-feira. A gente não teve a intenção de trazer milhares de pessoas. Nós quisemos mandar uma mensagem através dos olhos do brasiliense”, disse o locutor do evento, do alto de um carro de som.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, foi um dos primeiros a discursar:
“Não tem sido fácil. Assim como ele (Bolsonaro) não baixou a cabeça, nós não vamos baixar a nossa cabeça. Vocês, além de testemunhas, são atores ativos em mais um ato pela anistia para que o Congresso ouça a nossa voz”, afirmou.
Apesar de estar em debate um projeto alternativo que prevê redução de penas, sem conceder anistia total, Flávio Bolsonaro afirmou aos apoiadores que o “perdão completo” está próximo de ser aprovado.
“Nós estamos a um passo de conseguir aprovar essa anistia”, declarou o senador.
A deputada Bia Kicis (PL-DF) também se pronunciou contra o projeto de dosimetria:
“Nós não queremos qualquer coisa. Não queremos qualquer um. Nós queremos Bolsonaro. Não queremos redução de pena. No Brasil já teve muitas anistias”, disse.
Silas Malafaia e a convocação do ato
O pastor Silas Malafaia, investigado pela Polícia Federal (PF) por suposta coação no curso do processo que condenou Bolsonaro, foi um dos apoiadores da manifestação.
Em vídeo divulgado antes do ato, Malafaia ironizou os protestos da esquerda realizados em setembro, que reuniram grandes artistas e lotaram as ruas em diversas capitais contra a anistia e a chamada PEC da Blindagem — proposta que chegou a ser aprovada na Câmara com apoio da base bolsonarista, mas acabou arquivada no Senado.
Segundo o pastor, o ato em Brasília seria uma resposta simbólica à esquerda:
“Os artistas deles são as famílias das pessoas injustiçadas. Agora é a reta final. A anistia vai ser votada na Câmara e os deputados precisam ver a nossa força e a nossa voz”, disse Malafaia.
Movimento modesto e em dia útil
A manifestação foi anunciada como um ato modesto, sem intenção de rivalizar com os protestos recentes do campo progressista. O fato de ter sido marcada para um dia útil indicava que não haveria grande mobilização popular, segundo os próprios organizadores.
Ainda assim, aliados de Bolsonaro relembraram que atos anteriores realizados em dias de semana conseguiram atrair números expressivos de apoiadores, especialmente em Brasília.
Contexto político e disputa por narrativas
O ato ocorre em um momento de refluxo político do bolsonarismo, que tem enfrentado reveses no Congresso e nas ruas.
Recentemente, o grupo viu a esquerda igualar sua capacidade de mobilização em protestos nacionais e foi obrigado a votar a favor da proposta de isenção do Imposto de Renda, patrocinada pelo governo Lula (PT).
Além disso, Bolsonaro segue preso, e o projeto de anistia ampla perde força diante da proposta alternativa relatada pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que defende apenas redução de penas.
Trump elogia Lula e causa desconforto entre aliados de Bolsonaro
Nos bastidores, outro fator que incomoda o bolsonarismo é a aproximação diplomática entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O diálogo entre os dois líderes é visto como um revés simbólico para os aliados de Bolsonaro, já que Trump tem feito elogios públicos ao presidente brasileiro e demonstrado abertura ao diálogo e à cooperação — postura que enfraquece o discurso de isolamento político defendido pelo campo bolsonarista.
Com a expectativa de votação do projeto nas próximas semanas, a “caminhada pela anistia” foi interpretada como uma tentativa de mostrar força política e pressionar o Congresso Nacional em favor do perdão total aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
