Lula descarta contato com Trump sobre tarifaço e critica retaliações políticas dos EUA
Lula afirma que não vai ligar para Trump sobre tarifaço e critica retaliações econômicas com viés político.
Presidente diz que Brasil segue aberto ao diálogo, mas repudia sanções com viés eleitoral
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (5) que não pretende ligar para o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para negociar o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. A declaração foi feita durante a 5ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (Conselhão), em Brasília.
“Não vou ligar para o Trump para negociar nada não porque ele não quer falar”, disse Lula.
Apesar disso, afirmou que convidará o americano para a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP).
“Vou ligar para o Trump para convidá-lo para vir para a COP. Quero saber o que ele pensa da questão climática.”
Lula diz que Brasil nunca saiu da mesa de negociação
Na ocasião, o presidente reforçou que o Brasil permanece disponível ao diálogo e não aceita retaliações econômicas com motivações políticas.
“O Brasil nunca saiu da mesa do diálogo. A única explicação que eu tenho é que interesses políticos, especialmente político-eleitorais, não podem contaminar as relações comerciais”, afirmou.
Ele também destacou os esforços anteriores do governo para evitar a aplicação das tarifas.
“Quando houve a taxação de 10%, a gente já tava tentando conversar. Foram mais de 10 reuniões de diferentes níveis, inclusive envolvendo o companheiro Haddad e o companheiro Mauro Vieira”, completou.
Trump sinalizou abertura para conversar, mas aplicou tarifas
Na última sexta-feira (1), Trump declarou que Lula poderia falar com ele “quando quiser” sobre o tema. Porém, na mesma semana, oficializou a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, apesar de excluir quase 700 itens da lista, como derivados de petróleo, suco de laranja e componentes da aviação civil.
Governo brasileiro vê pressão indevida com viés político
Dentro do governo, integrantes avaliam que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que decretou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), possa ter gerado irritação em Trump — aliado do ex-presidente brasileiro — e contribuído para a adoção das sanções econômicas.
A Casa Branca tem pressionado o governo brasileiro por uma anistia a Bolsonaro como parte das tratativas comerciais. O STF e o Executivo consideram essa exigência uma interferência indevida dos Estados Unidos em assuntos internos do país.
Lula destaca importância das terras raras e soberania nacional
Durante a reunião, Lula também mencionou a criação de um conselho de política mineral vinculado à Presidência, com foco no controle das terras raras — grupo de 17 elementos fundamentais para tecnologias como carros elétricos, turbinas eólicas e equipamentos de defesa.
“Vai funcionar ligado ao meu umbigo para que a gente não veja ninguém vendendo as coisas que a gente tem sem passar por uma discussão nesse país”, declarou.
Conselhão reforça críticas ao tarifaço e apoio ao setor produtivo
A reunião do Conselhão contou com a participação dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), além de empresários e representantes da sociedade civil. O encontro reforçou a crítica do governo brasileiro à retaliação comercial dos EUA e destacou o plano de contingência para apoiar os setores mais afetados pelas sanções.
