Eduardo Bolsonaro é alvo de pedidos de cassação após ameaças e articulações por sanções dos EUA

Ameaças feitas por Eduardo Bolsonaro a líderes do Congresso e articulação por sanções dos EUA reacendem pedidos de cassação e revoltam parlamentares.

Parlamentares acusam o deputado licenciado de traição ao país e exigem reação imediata da Câmara dos Deputados

As ameaças do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deflagraram uma onda de pedidos de cassação no Congresso Nacional. O parlamentar, que está residindo nos Estados Unidos, é acusado de agir contra os interesses do Brasil ao incentivar o ex-presidente Donald Trump a impor sanções econômicas ao país.

Alice Portugal: “Ele desertou do Brasil e do mandato”

A deputada baiana Alice Portugal (PCdoB) se posicionou com firmeza. Para ela, o comportamento de Eduardo é inaceitável e representa abandono de mandato:

“Deve ser imediatamente garantida a cassação desse senhor que, além de ter abandonado o serviço, desertou do país, do mandato como deputado federal e da sua função pública como policial federal”, disse Alice ao portal A TARDE.

A parlamentar ainda destacou que o bolsonarista está “chantageando o país” e constrangendo as instituições democráticas, citando a gravidade das ameaças à revogação de vistos de autoridades brasileiras.

Lídice da Mata: “Deputado articula contra seu próprio povo”

Também baiana, a deputada Lídice da Mata (PSB) classificou como inédita e grave a atuação do filho de Bolsonaro no exterior:

“Ninguém poderia imaginar um cenário onde um deputado sai do país para se articular com outro governo e impor sanções ao seu próprio povo, ao seu próprio país”, afirmou durante evento do VLT em Salvador.

Mobilização nas redes e ação da oposição

A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) compartilhou nas redes sociais uma petição pública pedindo assinaturas para a cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro. Segundo ela, a situação é “absurda e inaceitável”. O PSOL acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) para pedir, além da cassação, a prisão preventiva do parlamentar.

Lula cobra atitude da Câmara

Durante discurso em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a atuação de Eduardo Bolsonaro sem citar seu nome diretamente, mas denunciando a tentativa de troca do Brasil pela liberdade do pai:

“Estão pedindo para o presidente dos Estados Unidos aumentar as taxas das coisas que vendemos para eles para poder libertar o pai. Que patriota é esse?”, disse o petista. “Vocês da Câmara precisam tomar uma atitude”, completou.

Senador Otto Alencar ironiza e sugere cidadania americana a Eduardo

O senador Otto Alencar (PSD-BA) também se manifestou e disse que sugeriu ao colega Jaques Wagner (PT-BA) que peça ao governo dos EUA que conceda cidadania americana a Eduardo Bolsonaro:

“Para que ele fique por lá e o Brasil se veja livre dele”, declarou Otto, em tom irônico, ao portal A TARDE.

Entenda a Lei Magnitsky, usada por Eduardo Bolsonaro

A Lei Magnitsky, citada por Eduardo em ameaças de sanções contra políticos brasileiros, foi criada nos Estados Unidos em 2012 para punir autoridades estrangeiras envolvidas em violações de direitos humanos e corrupção. O Global Magnitsky Act permite que os EUA congelem bens e neguem vistos a estrangeiros acusados de repressão política, tortura ou assassinato extrajudicial.
Recentemente, Eduardo Bolsonaro sugeriu usar essa legislação como instrumento de pressão sobre autoridades brasileiras, atitude que gerou revolta no Congresso. Parlamentares classificam a tentativa como ingerência internacional e traição à pátria.

Próximos passos no Legislativo

Com o retorno dos trabalhos legislativos, deputados pressionam para que a Mesa Diretora da Câmara instaure imediatamente o processo de cassação contra Eduardo Bolsonaro. Caso isso não ocorra, parlamentares prometem levar o caso diretamente ao plenário, exigindo que a Câmara atue “por justiça”, como afirmou Alice Portugal.
A repercussão do caso ocorre em meio ao agravamento das tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, após o governo Trump anunciar sanções de visto contra magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF), medida que parlamentares e o Planalto classificam como tentativa de intimidação institucional.