Lula e Tarcísio convocam reuniões com empresários no mesmo dia para discutir tarifaço de Trump
Governos Lula e Tarcísio convocam empresários para reuniões no mesmo dia sobre sobretaxa de Trump aos produtos brasileiros, em meio à disputa política e busca por soluções econômicas.
Disputa por protagonismo e reação à sobretaxa de 50% dos EUA movimenta Brasília e São Paulo
Os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), marcaram reuniões paralelas com empresários para esta terça-feira (15), com foco nos impactos da sobretaxa de 50% imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, aos produtos exportados pelo Brasil. As agendas, porém, escancararam também uma disputa política por protagonismo nas soluções para a crise.
De um lado, o governador Tarcísio promove um encontro às 9h, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, com representantes de setores como suco, café e plástico. O empresário Paulo Skaf, ex-presidente da Fiesp, participou da articulação dos convites e há expectativa de presença do chefe da embaixada americana, Gabriel Escobar.
Por outro lado, o governo federal convocou empresários para uma reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin, às 14h, em Brasília. A iniciativa integra a criação de um comitê interministerial, determinada por Lula no domingo (13), para dialogar com os setores mais afetados pela medida adotada por Trump. Segundo fontes do Planalto, o próprio presidente deve se encontrar com líderes empresariais nos próximos dias.
Espírito Santo alerta sobre impacto nas exportações
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), se reuniu com Alckmin na segunda-feira (14) e destacou que quase 30% das exportações capixabas têm como destino os EUA. Casagrande confirmou que representantes da agricultura e da indústria estarão presentes na reunião federal, cujo foco será reforçar a interlocução com empresários americanos e articular uma resposta institucional ao novo cenário.
Crise econômica e embate político se entrelaçam
Além da urgência econômica, a movimentação revela uma acirrada disputa política em torno de quem liderará a resposta à crise. Aliados de Lula apontam que Tarcísio tenta projetar-se como negociador internacional, o que encontra ceticismo quanto à sua aceitação por Washington. As idas e vindas do governador em declarações públicas e o atrito recente com Eduardo Bolsonaro (PL) minaram parte de sua imagem, inclusive entre aliados da direita.
Enquanto isso, o bolsonarismo ainda ensaia uma narrativa diante da contradição de ter elogiado Trump recentemente, antes do tarifaço, e agora buscar formas de minimizar os danos. A situação reforça a complexidade da crise, que ultrapassa os impactos econômicos e envolve também disputas eleitorais antecipadas para 2026.
