sexta-feira, 5 dezembro 2025
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Greve dos professores de Salvador completa 60 dias com escolas fechadas e embate judicial

Sem avanço nas negociações com a prefeitura, a paralisação afeta 135 mil alunos e já acumula decisões judiciais, protestos políticos e cortes salariais aos educadores.

Professores de Salvador completam 60 dias de greve e impasse com prefeitura segue sem solução

Greve dos professores da rede municipal de Salvador atinge 60 dias. Impasse com prefeitura deixa 135 mil alunos sem aulas e provoca embate jurídico e político.

Categoria cobra pagamento do piso nacional; prefeitura alega falta de retorno e Justiça mantém decisão de ilegalidade da paralisação

A greve dos professores da rede municipal de Salvador completou 60 dias nesta terça-feira (9), sem acordo entre a categoria e a prefeitura. Desde o início do movimento, iniciado em 6 de maio, 135 mil estudantes estão sem aulas, 426 escolas permanecem fechadas e mais de 8.400 professores seguem afastados das salas de aula.

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A principal reivindicação dos educadores é o cumprimento do piso salarial nacional de R$ 4.867,77. A solicitação formal foi enviada em 17 de fevereiro pela APLB-Sindicato, que representa a categoria. Segundo os trabalhadores, a prefeitura não apresentou propostas concretas de reajuste. Já a administração municipal alega que tentou diálogo, mas não teve retorno da classe.

Greve declarada ilegal pela Justiça e mantida no STF

Logo no início da paralisação, em 7 de maio, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) considerou o movimento ilegal e determinou a volta imediata dos professores ao trabalho, com multa diária de R$ 15 mil em caso de descumprimento. Em 22 de maio, o TJ-BA aumentou o valor da multa para R$ 100 mil.

A APLB recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas o ministro Dias Toffoli manteve a decisão do TJ-BA, reafirmando a ilegalidade da greve e exigindo o retorno imediato da categoria às atividades.

Cortes salariais e protestos acirram clima político

Além das decisões judiciais, professores denunciaram cortes salariais feitos pela prefeitura como represália à greve.

“Cortaram metade do salário no mês passado. Disseram que só vão pagar quando acabar a greve, se houver reposição”, afirmou uma professora que preferiu não se identificar.

A disputa ganhou contornos políticos. Em 2 de julho, durante o cortejo cívico da Independência da Bahia, a categoria protestou com faixas e cartazes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se posicionou de forma simbólica ao erguer um cartaz com a frase “Prefeito, nos devolva o plano e pague o piso”, em cobrança direta ao prefeito Bruno Reis (União Brasil).

Questionado sobre a situação, o prefeito minimizou a crise: “Que crise? Não tem crise nenhuma. A cidade está bem e não poderia estar melhor”, declarou durante o evento.

Cronologia da greve

  • 17 de fevereiro: APLB envia solicitação de reajuste à Secretaria Municipal da Educação (Smed).
  • 12 de março: Protesto dos professores em frente à Smed.
  • 6 de maio: Início da greve.
  • 7 de maio: TJ-BA decreta ilegalidade da greve e multa de R$ 15 mil.
  • 22 de maio: Multa é elevada para R$ 100 mil. Câmara tenta votar reajuste e sindicalistas invadem o auditório; vereadores são agredidos.
  • 27 de maio: Bruno Reis nega falta de diálogo com os professores.
  • 11 de junho: STF mantém decisão do TJ-BA e considera greve ilegal.
  • 2 de julho: Manifestação de professores durante o cortejo do 2 de Julho, com apoio simbólico do presidente Lula.

A greve continua sem previsão de encerramento, com a tensão entre a prefeitura e os professores cada vez mais intensa.

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Gabriel Figueiredo
Gabriel Figueiredo
Gabriel Figueiredo, jornalista baiano, nascido em Feira de Santana, com mais de 15 anos de experiência, é referência em notícias locais e inovação do Minha Bahia.
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