domingo, 24 novembro 2024
spot_imgspot_img

Ataque a Trump gera teorias conspiratórias em grupos de WhatsApp e Telegram no Brasil

Atentado contra Donald Trump é alvo de desinformação e teorias conspiratórias em grupos de WhatsApp e Telegram no Brasil, com narrativas tanto da direita quanto da esquerda buscando polarização política.

Ataque a Trump gera teorias conspiratórias em grupos de WhatsApp e Telegram no Brasil

Desinformação em redes sociais

O atentado contra o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump tem sido alvo de desinformação e teorias conspiratórias alinhadas à direita e à esquerda em grupos de conversa de WhatsApp e Telegram, segundo monitoramento da empresa de tecnologia Palver.

Narrativas da direita e da esquerda

Da parte da direita, há várias mensagens buscando atrelar o atirador como sendo uma pessoa da esquerda, ainda que não haja evidências disso. Já da parte da esquerda, há vários conteúdos falando em armação de Trump para ganhar a eleição, também sem base para tanto. Com isso, o episódio no exterior tem sido usado para buscar reforçar a polarização entre esquerda e direita também no contexto brasileiro.

Fique ligado! Participe do nosso canal do WhatsApp! Quero Participar

Investigações em andamento

Ainda não se sabe a motivação do atirador, que foi morto por agentes de segurança pouco depois de disparar, e se ela está atrelada a alguma ideologia política. Segundo o que o FBI, a polícia federal americana, divulgou no dia seguinte ao incidente, ele agiu sozinho. O caso ainda está em estágio inicial da investigação. Apesar disso, há várias teorias conspiratórias sendo divulgadas em grupos.

Informações sobre o suspeito

Thomas Matthew Crooks, 20, apontado pelo FBI como suspeito de atirar em Trump, era filiado ao Partido Republicano. Aos 17 anos, ele fez uma doação de US$ 15 (cerca de R$ 80 no câmbio atual) para uma causa do Partido Democrata. De 763 mensagens identificadas pela Palver até a noite de segunda-feira (15) sobre a filiação do atirador, quase metade o associava ao Partido Democrata, a grupos de esquerda ou aos antifascistas. A informação de que o atirador identificado pelo FBI ter se registrado, na verdade, junto ao Partido Republicano não aparece em vários dos conteúdos.

Disseminação de teorias conspiratórias

Já outras incluem a informação sobre a filiação e, sem qualquer comprovação para tanto, dizem que na verdade ele era democrata ou de esquerda. “Ou seja é republicano só no registro, mas na realidade um democrata cheio de ódio”, diz trecho de uma das mensagens que circularam em grupos. Em parte dos conteúdos, assim como aconteceu no exterior, uma pessoa identificada como antifascista e chamada Mark Violets é apontada como autora dos disparos. Há também exemplos em que se fala em um segundo atirador, junto a Crooks, e que seria parte do “movimento antifa”.

Comparações com casos no Brasil

Algumas mensagens nos grupos buscam descredibilizar de antemão investigações que apontem para uma atuação isolada, falando em “lobo solitário” e fazem referência a teses não comprovadas sobre Adélio Bispo, preso por esfaquear Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018. Logo após o ataque a Trump, diversas figuras de relevo do bolsonarismo buscaram associá-lo à esquerda.

Reações políticas e mediáticas

Em alguns grupos, foi compartilhado um vídeo em que o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) diz que as notícias apontavam que um italiano antifa foi identificado como sendo o atirador e afirmando que a esquerda é assassina. A reportagem perguntou ao deputado se ele apagou o vídeo, que não foi identificado em seu canal, e se ele fez alguma correção posterior, mas não teve resposta até a publicação deste texto.

Narrativas da esquerda

Já em mensagens alinhadas à esquerda, a ideia transmitida é a de que o ataque não teria passado de uma farsa ou de uma armação, e parte delas reitera teses conspiratórias da facada contra Bolsonaro, assim como fez o deputado federal André Janones (Avante-MG) em seu perfil em rede social após o crime nos EUA. Há mensagens dizendo que Trump forjou o caso porque foi condenado pela Justiça e que estaria fazendo tudo para ganhar as eleições. Assim como que o eleitorado dos EUA já teria notado que o ataque teria sido “armação do Trump” e que o FBI já possui indícios de uma ação cinematográfica –o que não encontra fundamento com o que já se sabe.

Teorias e desinformações

Outra mensagem usa o fato de o atirador ser filiado ao Partido Republicano para dizer que ele era apoiador do partido de Trump e que foi tudo “armação pura”. Há mensagens dizendo que é tudo uma encenação, como o que ocorreu no Brasil “com uma facada forjada”, diz uma das mensagens que repete mentiras sobre o incidente da campanha brasileira. Há mensagens compartilhando trecho de vídeo do canal de youtuber da esquerda Thiago dos Reis, cujo título na plataforma é: “Urgente!! Testemunha desmonta versão de Trump!!! Sinais de manipulação são expostos”.

Impacto na sociedade

No vídeo, que na plataforma alcançava 219 mil visualizações até esta terça-feira (16), ele diz que “a esquerda brasileira já está devidamente anestesiada contra esse tipo de coisa”, mas os Estados Unidos não estariam. Ele diz, entre outras coisas, que o atirador era “trumpista”, o que não se comprovou do que foi revelado até o momento. Uma mensagem, marcada como “encaminhada com frequência” do WhatsApp trazia o texto: “O atirador do Trump era de esquerda. Inclusive colaborou financeiramente para um grupo radical contra o próprio Trump!”, junto a um vídeo do comentarista Caio Coppolla.

Divulgação de conteúdo

No conteúdo, que foi assistido mais de 233 mil vezes em seu canal, sob o título: “Atentado a Trump e a radicalização política à esquerda (nos EUA e no Brasil)”, ele cita a doação à causa alinhada ao Partido Democrata feita por Crooks –mas não chega a mencionar a filiação ao Partido Republicano. Enquanto mensagens à esquerda disseminam teorias conspiratórias sobre a facada contra Bolsonaro, não sustentadas pelas investigações da Polícia Federal, as da direita ignoram episódios de violência política contra a esquerda, como a morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), assassinada em 2018. Também naquele ano, ônibus da caravana do então pré-candidato Lula (PT) foi atingido por tiro em estrada no interior do Paraná.

COMPARTILHE ESTE POST:

Gabriel Figueiredo
Gabriel Figueiredo
Gabriel Figueiredo, jornalista baiano, nascido em Feira de Santana, com mais de 15 anos de experiência, é referência em notícias locais e inovação do Minha Bahia.
MAIS NOTÍCIAS

Mais populares