quarta-feira, 30 outubro 2024
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Febre oropouche: entenda por que a doença só mata na Bahia

Saiba por que a febre oropouche tem causado mortes somente na Bahia, onde já são mais de 800 casos confirmados.

Febre oropouche causa mortes na Bahia: entenda os motivos

A outrora exótica febre oropouche passou a fazer parte do vocabulário e dos hospitais da Bahia em 2024. Já são mais de 800 casos no ano, com duas fatalidades. Mas o que assusta é outro dado: todas as mortes pela doença confirmadas em todo o mundo ocorreram em solo baiano.

Predominância no sul do estado

Até o momento, a maior prevalência do vírus oropouche é no sul do estado. Foi lá que ocorreram as mortes mapeadas, nas cidades de Valença e Camamu. A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) já trata a doença como surto, terminologia utilizada quando há aumento repentino do número de infectados em uma região específica.

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Surto e origem do vírus

O virologista Gubio Soares explica que a febre oropouche foi detectada pela primeira vez no estado em 2020 por uma pesquisa da qual fez parte. A prevalência da doença no sul da Bahia pode ser explicada pelo caráter turístico da região. “Muitas pessoas viajam para a Bahia, especialmente esta região, que possui belas praias e atrai turistas. Alguns destes visitantes, provavelmente, trouxeram o vírus oropouche”, teoriza o especialista.

Primeiros óbitos registrados

De acordo com a Sesab, o primeiro óbito confirmado foi de uma mulher sem comorbidades, com 21 anos de idade, em 27 de março. A vítima era moradora do município de Valença. A segunda morte confirmada também foi de uma mulher sem registro de comorbidades. A moradora de Camamu, de 24 anos, faleceu em Itabuna, também no sul da Bahia, em 10 de maio.

Transmissão e medidas de prevenção

A febre é espalhada através do mosquito maruim, de maneira similar à dengue com o aedes aegypti. Um maruim que já vivia na Bahia deve ter picado um turista infectado e começou a contaminar outras pessoas. A boa notícia, segundo Gubio Soares, é que não há indicativos de que o vírus tenha mutado ou agido de forma mais intensa na Bahia. As mortes ocorridas no estado são coincidência ou resultado de subnotificação em outros locais. “Esse vírus já circula há muitos anos na região norte, e nunca teve morte, já no Caribe ele está presente há muitos anos. Mas foi por acaso que aconteceram essas mortes, infelizmente, justo aqui na Bahia”, lamenta.

Investigação de outros casos

Outros estados, como Santa Catarina e Maranhão, já tiveram mortes investigadas e posteriormente descartadas. Há também suspeita de ligação de outros quatro casos de gravidez interrompida e dois bebês com microcefalia, na Bahia, Pernambuco e Acre.

Cuidados e sintomas

As pacientes que morreram por febre oropouche apresentaram sintomas como febre, dor de cabeça, dor retro-orbital (na parte mais profunda do olho), mialgia (dor muscular), náuseas, vômitos, diarreia, dores em membros inferiores e fraqueza. Ambas evoluíram com sinais mais graves como: manchas vermelhas e roxas pelo corpo, sangramento nasal, gengival e vaginal, sonolência e vômito com hipotensão, sangramento grave, e apresentaram queda abrupta de hemoglobina e plaquetas no sangue.

“É muito importante buscar ajuda médica para realizar o diagnóstico preciso. Ainda que a febre oropouche não tenha tratamento específico, é preciso realizar o diagnóstico precoce para evitar complicações, principalmente óbitos”, ressalta o infectologista Guilherme Furtado. “Eles adoram material orgânico úmido. Se há um acúmulo de lixo com as chuvas, aquele material podre vai facilitar a reprodução desse mosquito”, explica Gubio Soares.

Recomendações da Sesab

Os sintomas duram cerca de 2 a 7 dias, mas até 60% dos pacientes podem apresentar recorrência dos sintomas, após 1 a 2 semanas das manifestações iniciais. A maioria das pessoas tem evolução benigna e sem sequelas, mesmo nos casos mais graves. Até o momento, não há terapias específicas para a febre oropouche. O tratamento apenas alivia os sintomas. A recomendação da Sesab em casos suspeitos da doença é procurar o hospital Couto Maia, em Salvador.

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Gabriel Figueiredo
Gabriel Figueiredo
Gabriel Figueiredo, jornalista baiano, nascido em Feira de Santana, com mais de 15 anos de experiência, é referência em notícias locais e inovação do Minha Bahia.
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