Falta de especialistas compromete serviços de emergência pediátrica e CAPS em Dias d´Ávila
A cidade de Dias d´Ávila enfrenta sérias dificuldades em dois setores cruciais da saúde pública: a Emergência Pediátrica e o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Ambos os serviços, essenciais para a população, estão funcionando sem especialistas registrados, colocando em risco o atendimento e a saúde dos pacientes.
Emergência Pediátrica sem pediatras especializados
Inaugurada há pouco mais de um ano, a Emergência Pediátrica de Dias d´Ávila foi criada com o objetivo de aliviar o fluxo na UPA e fornecer um atendimento diferenciado às crianças, afastando-as de casos de violência que chegam à unidade de pronto-atendimento. Com um ambiente temático e promessa de acolhimento humanizado, o serviço funciona 24 horas no hospital municipal Dilton Bispo de Santana.
Contudo, relatos de pais, como o de Janete (nome fictício), revelam problemas no atendimento. Após levar seu filho de 4 anos à emergência, ela recebeu uma receita sem carimbo, o que a obrigou a retornar para corrigir o documento. Uma verificação no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) mostrou que apenas um pediatra está registrado no hospital, com carga horária de apenas 6 horas semanais, e ele atua no ambulatório, não na emergência.
Essa realidade sugere que, na prática, o atendimento está sendo feito por médicos clínicos gerais ou até por enfermeiros, o que infringe as normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para unidades especializadas, como explica o Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb).
Crise no CAPS: falta de medicamentos e profissionais
A saúde mental também enfrenta uma grave crise em Dias d´Ávila. O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do município sofre com a falta de medicamentos essenciais e a redução drástica no número de atendimentos nos últimos quatro anos. Segundo dados oficiais, as consultas ambulatoriais caíram de 11.538 para 5.097 no período.
Além disso, o CNES aponta que o único médico vinculado à unidade não possui especialização em psiquiatria, o que é mais um indício de que a assistência mental está sendo realizada de forma inadequada, afetando diretamente os pacientes que necessitam de tratamento contínuo.
Posicionamento do Cremeb sobre a irregularidade
Em contato com o A TARDE, o presidente do Cremeb, Dr. Otávio Marambaia, afirmou que a situação em Dias d´Ávila não está de acordo com as legislações vigentes. Segundo ele, “uma emergência pediátrica deve contar com pediatras na equipe. Médicos de outras especialidades podem até atender, mas em casos de emergência pediátrica, é essencial que haja pediatras no local”.
Ele também ressaltou que a lei permite que médicos exerçam a medicina em todas as áreas, mas aqueles que atuam fora de sua especialidade são diretamente responsáveis por quaisquer complicações decorrentes do atendimento inadequado.