terça-feira, 29 outubro 2024
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Bahia se destaca nacionalmente nas ações de cuidados paliativos

A Bahia se destaca no cenário nacional em cuidados paliativos e terá o primeiro hospital estadual com atendimento 100% pelo SUS dedicado a essa prática. Entenda como funciona essa abordagem interdisciplinar que visa reduzir o sofrimento de pacientes e seus familiares.

Bahia é destaque nacional nas ações de cuidados paliativos

O que são cuidados paliativos?

A Bahia é destaque no cenário nacional quando se fala em cuidados paliativos e, em dezembro deste ano, vai ganhar o primeiro hospital estadual com atendimento 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e voltado exclusivamente para a paliação. Dentre as capitais, Salvador também se sobressai na oferta desse serviço, que tem o objetivo principal de reduzir o sofrimento de pacientes e familiares diante do cenário de uma doença grave ou crônica que ameaça a vida.

Hospital Estadual de Cuidados Paliativos

Com previsão de entrega em dezembro, o Hospital Estadual de Cuidados Paliativos terá 70 leitos, sete deles na pediatria, e vai funcionar no prédio do antigo Couto Maia, na Cidade Baixa, que atualmente passa por reformas para abrigar o novo serviço. De acordo com os dados do Núcleo de Cuidados Paliativos da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), uma média de seis mil pacientes, entre adultos, pediátricos e neonatais, já foram atendidos pelo programa estadual.

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Atendimento em Salvador

Na capital, o Hospital Municipal de Salvador (HMS) dispõe de equipe assistencial com suporte de cuidados paliativos para os pacientes internados e seus familiares, segundo nota da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Além disso, a rede de urgência e emergência municipal também dispõe de médico especialista para acompanhar os pacientes e orientar nos cuidados. Em alguns casos, os pacientes são acompanhados pelo Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), acrescenta a pasta.

Necessidade nacional de cuidados paliativos

No país, conforme o Ministério da Saúde divulgou em maio deste ano, ao menos 625 mil pessoas precisam de cuidados paliativos atualmente. A médica oncogeriatra e paliativista da Oncoclínicas na Bahia, Rafaela Cândida, explica que o cuidado paliativo é um conjunto de ações praticadas por equipe interdisciplinar e que oferece recursos para diminuir o sofrimento físico, psíquico e social dos pacientes e cuidadores diretos.

Tipos de cuidados paliativos

Existem dois tipos de cuidados paliativos, explica Rafaela Cândida: o básico, oferecido pelo médico que acompanha o paciente dentro da sua especialidade, e o especializado, quando aumenta a demanda de controle da dor ou desconforto, envolvendo uma equipe interdisciplinar. “Dizemos que é uma ação interdisciplinar e não multidisciplinar porque existe uma diferença. No atendimento interdisciplinar, cada profissional atua interligado e tomando decisões junto com o paciente e a família, focando na melhoria do conforto do paciente”, diferencia a oncogeriatra.

Exemplo prático

Um exemplo dessa abordagem interdisciplinar ocorre no Ambulatório de Cuidados Paliativos da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, em Brotas, onde profissionais de medicina, psicologia e enfermagem atendem pacientes e familiares juntos, em consultas que podem durar até uma hora e meia. Os atendimentos são voltados para pacientes do SUS e ocorrem às terças e quartas-feiras, das 14h às 17h.

Importância do cuidado com a família

A oncogeriatra Rafaela Cândida destaca que é crucial cuidar das famílias e não só dos pacientes, pois o estresse do cuidador é muito frequente. “É importante que na oferta do cuidado paliativo se conheça a dinâmica da família para que o cuidador principal possa descansar também”, diz.

História dos cuidados paliativos no Brasil

O médico intensivista e professor da Bahiana, Sílber Alves, especialista em paliativismo, relata que os cuidados paliativos no Brasil começaram a ser discutidos entre 2005 e 2006 e foram validados em 2010. Desde 2015, Salvador tem se destacado na organização desses serviços em diversos hospitais, que já possuem seus protocolos e comissões médicas para cuidados paliativos.

Impacto da pandemia e avanços na Bahia

Em maio deste ano, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Cuidados Paliativos no âmbito do SUS, com a meta de criar e treinar 1300 equipes em todo o país. Na Bahia, o Núcleo de Cuidados Paliativos da Sesab tem desempenhado um papel fundamental desde 2020, com impacto significativo na assistência a pacientes e familiares.

Primeiro hospital estadual 100% SUS

O núcleo teve impactos significativos também no plano de ação para a criação do Hospital Estadual de Cuidados Paliativos. “Nós seremos o primeiro hospital estadual 100% SUS a oferecer cuidados paliativos. É uma grande conquista para a Bahia e para o SUS e uma quebra de paradigma”, afirma Karoline Apolônio, uma das coordenadoras do setor.

Atendimentos especializados em Salvador

Atualmente, há equipes de cuidados paliativos em hospitais como Roberto Santos, Geral do Estado, Couto Maia e Ana Nery. Ambulatorialmente, há espaços especializados no Climério de Oliveira e Roberto Santos, na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, e no Hospital Santo Antônio, das Osid, entre outros, com atendimento 100% SUS. Unidades de saúde que atendem convênios também dispõem do serviço, como os hospitais Cardio Pulmonar, Aliança e Santa Izabel.

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Gabriel Figueiredo
Gabriel Figueiredo
Gabriel Figueiredo, jornalista baiano, nascido em Feira de Santana, com mais de 15 anos de experiência, é referência em notícias locais e inovação do Minha Bahia.
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