segunda-feira, 25 novembro 2024
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Cresce número de casos de racismo religioso após instituição do Dia das Matrizes Africanas

Um ano após o estabelecimento do Dia Nacional das Matrizes Africanas, o Brasil enfrenta aumento nos casos de racismo religioso contra tradições afro-brasileiras.

Racismo Religioso em Ascensão Após Criação do Dia das Matrizes Africanas

Em 21 de março de 2023, o Brasil celebrou pela primeira vez o Dia Nacional das Tradições de Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, uma data dedicada à valorização da ancestralidade e diversidade religiosa afro-brasileira. Apesar da importância desta celebração para a identidade nacional, relatórios indicam um aumento preocupante nos casos de racismo religioso no país.

A situação atual

De acordo com dados recentes, o Brasil registrou um expressivo crescimento nos processos judiciais relacionados ao racismo e intolerância religiosa. A startup JusRacial revelou que em 2023 houve um salto para 176.055 processos judiciais, marcando um aumento de 17.000% em comparação com dados de 2009. Dentre esses, um terço são casos de intolerância religiosa, evidenciando um desafio persistente na sociedade brasileira.

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Incidentes alarmantes

Relatos de agressões e vandalismo contra praticantes e locais de culto afro-brasileiros tornaram-se infelizmente comuns, com vários casos ganhando notoriedade:

  • Uma mulher sofreu intolerância religiosa dentro de um metrô.
  • Um homem foi preso após vandalizar um terreiro de candomblé em Salvador.
  • Terreiros em Dias d’Ávila também foram alvos de arrombamento e furto.

Impacto jurídico e social

O Supremo Tribunal Federal (STF) e tribunais estaduais registram números alarmantes de processos relacionados ao racismo religioso, o que demonstra a gravidade do problema em todas as esferas da sociedade. A Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras (RENAFRO) aponta um aumento de 45% nos crimes religiosos em 2022, com terreiros sendo frequentes alvos de ataques.

Vozes contra o racismo

Claudia Alexandre, renomada jornalista e sacerdotisa umbandista, destaca o racismo religioso como um problema estrutural ligado à história de escravização e marginalização do povo negro. Ela enfatiza a necessidade de educação e conscientização para combater essa forma de preconceito, que muitas vezes se manifesta de maneira silenciosa mas devastadora.

Um chamado à reflexão e ação

A instituição do Dia Nacional das Matrizes Africanas representa um passo importante no reconhecimento e valorização das contribuições afro-brasileiras para a cultura nacional. No entanto, o aumento dos casos de racismo religioso sublinha a urgência de ações mais eficazes no combate à intolerância e na promoção da igualdade.

Claudia Alexandre também ressalta a importância de abordar as questões de gênero dentro dos espaços religiosos afro-brasileiros, evidenciando o papel central das mulheres na formação e resistência dessas tradições.

Este momento de reflexão sobre o Dia Nacional das Matrizes Africanas e os desafios enfrentados pelas comunidades de terreiro no Brasil serve como um lembrete da necessidade contínua de lutar pela liberdade religiosa e pelo fim do racismo em todas as suas formas.

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Gabriel Figueiredo
Gabriel Figueiredo
Gabriel Figueiredo, jornalista baiano, nascido em Feira de Santana, com mais de 15 anos de experiência, é referência em notícias locais e inovação do Minha Bahia.
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