Racismo Religioso em Ascensão Após Criação do Dia das Matrizes Africanas
Em 21 de março de 2023, o Brasil celebrou pela primeira vez o Dia Nacional das Tradições de Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, uma data dedicada à valorização da ancestralidade e diversidade religiosa afro-brasileira. Apesar da importância desta celebração para a identidade nacional, relatórios indicam um aumento preocupante nos casos de racismo religioso no país.
A situação atual
De acordo com dados recentes, o Brasil registrou um expressivo crescimento nos processos judiciais relacionados ao racismo e intolerância religiosa. A startup JusRacial revelou que em 2023 houve um salto para 176.055 processos judiciais, marcando um aumento de 17.000% em comparação com dados de 2009. Dentre esses, um terço são casos de intolerância religiosa, evidenciando um desafio persistente na sociedade brasileira.
Incidentes alarmantes
Relatos de agressões e vandalismo contra praticantes e locais de culto afro-brasileiros tornaram-se infelizmente comuns, com vários casos ganhando notoriedade:
- Uma mulher sofreu intolerância religiosa dentro de um metrô.
- Um homem foi preso após vandalizar um terreiro de candomblé em Salvador.
- Terreiros em Dias d’Ávila também foram alvos de arrombamento e furto.
Impacto jurídico e social
O Supremo Tribunal Federal (STF) e tribunais estaduais registram números alarmantes de processos relacionados ao racismo religioso, o que demonstra a gravidade do problema em todas as esferas da sociedade. A Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras (RENAFRO) aponta um aumento de 45% nos crimes religiosos em 2022, com terreiros sendo frequentes alvos de ataques.
Vozes contra o racismo
Claudia Alexandre, renomada jornalista e sacerdotisa umbandista, destaca o racismo religioso como um problema estrutural ligado à história de escravização e marginalização do povo negro. Ela enfatiza a necessidade de educação e conscientização para combater essa forma de preconceito, que muitas vezes se manifesta de maneira silenciosa mas devastadora.
Um chamado à reflexão e ação
A instituição do Dia Nacional das Matrizes Africanas representa um passo importante no reconhecimento e valorização das contribuições afro-brasileiras para a cultura nacional. No entanto, o aumento dos casos de racismo religioso sublinha a urgência de ações mais eficazes no combate à intolerância e na promoção da igualdade.
Claudia Alexandre também ressalta a importância de abordar as questões de gênero dentro dos espaços religiosos afro-brasileiros, evidenciando o papel central das mulheres na formação e resistência dessas tradições.
Este momento de reflexão sobre o Dia Nacional das Matrizes Africanas e os desafios enfrentados pelas comunidades de terreiro no Brasil serve como um lembrete da necessidade contínua de lutar pela liberdade religiosa e pelo fim do racismo em todas as suas formas.