Deputado explica razões para ruptura com governo Jerônimo

Parlamentar diz que decisão vinha sendo maturada

O deputado estadual Nelson Leal (PP) detalhou, nesta quarta-feira (3), os motivos que o levaram a romper com a base do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e aderir ao grupo do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União). Segundo ele, a decisão vinha sendo construída “há um tempo” e decorre da percepção de que o governador “perdeu o controle do Estado”.

Críticas à gestão estadual

“Confesso que essa decisão não é em função de nenhum problema político, ela está sendo maturada há algum tempo. Eu comecei a ver que o governador perdeu o controle total do Estado. Não quero nem falar de uma área específica, ele perdeu a condição que se colocou na época da eleição, mas a gente começou a ver que todas as áreas que são importantes para o crescimento de um estado foram abandonadas”, afirmou Leal em entrevista ao Boa Tarde Bahia, da Band.

Empréstimos influenciaram saída da base governista

O deputado também declarou que os sucessivos pedidos de empréstimos por parte do governo pesaram na decisão. Ele afirmou que a “inquietação” para deixar a base governista começou há mais de um ano e chegou ao limite. “Culminou com esse exagero de pedidos de empréstimos. São 22 empréstimos totalizando quase R$ 26 bilhões em 35 meses de administração. É quase R$ 800 milhões por mês (…). Eu não votei em nenhum dos empréstimos, você não tem como captar quase metade de um orçamento em cima de recursos que obviamente impactarão no futuro da Bahia (…). É uma situação que me incomodava há muito tempo e chega um dia que você não suporta mais. Essa inquietação existe dentro de mim há mais de 1 ano”, afirmou o parlamentar.

Foco exclusivo na coordenação da campanha de ACM Neto

Quanto à decisão de não disputar a reeleição, Nelson Leal disse que ela foi tomada para se dedicar integralmente à coordenação da campanha de ACM Neto para o governo do estado em 2026.

“Eu conversei com ACM Neto e há algum tempo eu vinha conversando com ele esse meu desconforto de fazer parte do trabalho do governo. Isso já tem muito tempo. Um dia eu falei que não estava aguentando mais e queria contribuir com esse projeto de mudança e automaticamente ele [ACM Neto] me convidou para coordenar a campanha dele […]. Se eu tiver trabalhando única e exclusivamente na coordenação, deixando de lado o projeto pessoal, eu acho que posso desenvolver muito melhor essa função”, declarou.

Críticas ao ritmo de trabalho de Jerônimo

Leal também criticou a rotina do governador, afirmando que Jerônimo Rodrigues mantém uma agenda extensa que dificultaria o diálogo com secretários. Para ele, o petista não teria abandonado o clima de campanha eleitoral mesmo após assumir o Palácio do Rio Branco.

“É inadmissível que um governador saia às 5h00 e retorne às 23h00 todos os dias da semana. Como que um governador não despacha com seus secretários? Ele vive hoje em uma bolha (…). Ele não desceu do palanque, ele está em campanha eleitoral desde a eleição passada. Não tem um dia que ele senta”, concluiu o deputado.