Indicação de Otto Filho ao TCE reforça ala do PT que defende chapa puro-sangue em 2026
A indicação do deputado federal Otto Filho (PSD) ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-BA) acendeu um sinal político imediato dentro do PT baiano. Setores do partido passaram a defender abertamente que, com o movimento, a sigla ganha margem para articular uma chapa puro-sangue em 2026, repetindo o modelo vitorioso de 2022.
O formato idealizado por essa ala inclui:
Jerônimo Rodrigues (PT) — candidato à reeleição
Jaques Wagner (PT) — renovando seu mandato no Senado
Rui Costa (PT) — disputando pela primeira vez uma vaga no Senado
A leitura interna é de que a ida de Otto Filho para o TCE, interpretada como uma “aposentadoria precoce” do parlamentar de 48 anos, funcionou como uma senha silenciosa das negociações futuras. Ainda assim, tanto o senador Otto Alencar (PSD) quanto o senador Angelo Coronel (PSD) — interessado em tentar a reeleição — não deram qualquer sinal de abrir mão de espaço.
PSD segue gigante no governo
A pressão petista esbarra na força estrutural do PSD na Bahia. O partido:
controla a presidência da Assembleia Legislativa, com Ivana Bastos;
dirige duas das secretarias mais estratégicas do governo: Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano;
reúne um bloco robusto com nove deputados estaduais, seis federais, dois senadores e mais de 100 prefeitos.
O tamanho do PSD ainda garante capilaridade eleitoral e musculatura administrativa, reforçando o status de principal aliado do PT no estado.
Petistas querem chapa estratégica para Lula
Petistas que apoiam a ideia da chapa puro-sangue dizem, sob reserva, que:
o PSD já recebeu uma fatia generosa de poder,
a prioridade deve ser o projeto nacional de Lula,
e o bom desempenho interno de Wagner e Rui pode puxar a votação de Jerônimo.
Eles evocam o efeito eleitoral de 2022: o “13-13” (Lula e Jerônimo) ajudou a consolidar a vitória petista no estado. Em 2026, acreditam que uma chapa 100% PT poderia ampliar esse efeito.
Pesquisas acendem alerta para Jerônimo
A pressão por mudança também se apoia em pesquisas recentes.
Segundo levantamento do Real Time Big Data (26/11):
50% desaprovam o governo Jerônimo
48% aprovam
Em outra pergunta do mesmo instituto — “quem foi o melhor governador entre os três últimos?” — o desempenho foi:
Rui Costa: 58%
Jaques Wagner: 24%
Jerônimo Rodrigues: 11%
O cenário reforça entre petistas o diagnóstico de que Rui e Wagner possuem maior potencial de transferência de votos em 2026.
Conflito silencioso à vista
Embora a indicação de Otto Filho não signifique ruptura, ela intensificou o debate interno sobre o peso do PSD na chapa majoritária.
De um lado, petistas defendem que a composição deve priorizar viabilidade eleitoral e alinhamento ao projeto de Lula.
De outro, o PSD considera natural manter a vaga no Senado — especialmente diante do interesse político de Angelo Coronel em buscar a reeleição.
A negociação promete ser uma das mais delicadas da montagem eleitoral de 2026 na Bahia, e a ida de Otto Filho ao TCE pode ter sido apenas o primeiro ato desse novo rearranjo político.
