O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compartilhou em uma transmissão ao vivo neste domingo (28) que se sentiu “enfraquecido ao longo de cinco anos” por insinuações que ligavam seu nome ao assassinato da vereadora Marielle Franco, ocorrido em 2018. Ele sugeriu que a Polícia Federal (PF) persiste em construir narrativas que possam vincular sua família ao crime.
As declarações surgiram após a divulgação, na semana passada, de que o ex-policial militar Ronnie Lessa, detido sob acusação de ter disparado contra a vereadora e seu motorista, Anderson Gomes, fechou um acordo de delação premiada com a PF.
O conteúdo da colaboração permanece em sigilo no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Após o testemunho do ex-PM, investigadores exploram a possibilidade de envolvimento de Domingos Brazão, conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio), no caso — Brazão nega qualquer ligação e afirma ter sido alvo das investigações desde que Marielle foi assassinada, quase seis anos atrás.
Durante a transmissão, Bolsonaro mencionou o fato de que Lessa residia no condomínio Vivendas da Barra, onde o ex-presidente também morava, na zona oeste do Rio de Janeiro. “O suspeito morava no mesmo condomínio que eu, que possui 150 residências, e isso trouxe uma série de complicações para mim”, afirmou. “Durante cinco anos, fui alvo de acusações como suposto mandante do assassinato de Marielle”, acrescentou.
Porteiro e Relacionamento de Jair Renan: Alegações e Reviravoltas
Bolsonaro recordou outras conexões noticiadas, como a alegação de um porteiro que alegou ter autorizado a entrada de outro suspeito na noite do crime após um telefonema para sua residência, e a especulação de que seu filho Jair Renan já teria tido um relacionamento com a filha de Lessa.
“O porteiro voltou atrás, mas isso marcou minha reputação por muito tempo”, disse ele. Além disso, ele refutou outra “teoria da época”, que sugeria que Marielle estava ganhando destaque e poderia ser uma concorrente ao Senado, rivalizando com seu filho Flávio.
“Minha prioridade é que a verdade venha à tona. Nunca tive contato com Marielle. Meu filho Carlos [Bolsonaro, vereador no Rio] tinha seu gabinete no mesmo andar que o dela, e nunca houve problemas”, afirmou.
Relacionamento entre Carlos Bolsonaro e Marielle: Desmentindo Acusações
Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) corroborou a afirmação do pai, descrevendo sua relação com a vereadora como amistosa. Ele criticou a imprensa por distorcer a natureza desse relacionamento “de maneira extremamente pejorativa e totalmente falsa”.
Na transmissão, Bolsonaro sugeriu que a “Polícia Federal persiste em suas investigações” e insinuou que uma nova versão está sendo apresentada na tentativa de relacionar o crime a ele. “Uma nova narrativa está sendo formada. A PF, assim como o ‘PC do B’, já trabalha com a hipótese de um segundo mandante. Ou seja, eles não desistem”, comentou.
Bolsonaro e seus filhos Carlos, o deputado federal Eduardo (PL-SP) e o senador Flávio (PL-RJ) realizaram uma transmissão conjunta no domingo para promover uma plataforma online de treinamento para a direita conservadora. Com foco nas eleições municipais, eles defenderam diversas pautas do bolsonarismo, desde o voto impresso até o acesso facilitado às armas de fogo.