Maduro reage aos EUA e condena “golpes de Estado dados pela CIA”
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, reagiu nesta quarta-feira (15) às declarações do ex-presidente americano Donald Trump, que confirmou ter autorizado a CIA a realizar operações secretas e letais no país com o objetivo de derrubá-lo do poder.
Durante um discurso transmitido pela televisão estatal, Maduro afirmou que a Venezuela enfrenta “a ameaça militar mais letal e extravagante da história” e acusou os Estados Unidos de promoverem intervenções e golpes de Estado na América Latina sob o pretexto de combater o narcotráfico.
“Não à guerra no Caribe. Não à mudança de regime, que nos lembra tanto as eternas guerras fracassadas no Afeganistão, no Irã, no Iraque. Não aos golpes de Estado dados pela CIA”, declarou Maduro. “A América Latina não os quer, não precisa deles e os repudia.”
Trump confirma ações secretas na Venezuela
Mais cedo, Trump confirmou à imprensa americana que havia autorizado operações da CIA em território venezuelano. A declaração, divulgada inicialmente pelo The New York Times, marca a primeira admissão pública de que Washington conduziu ações clandestinas para tentar derrubar o governo chavista.
De acordo com fontes citadas pelo jornal, o objetivo era “enfraquecer e substituir o regime de Maduro”, um plano articulado entre o ex-secretário de Estado Marco Rubio e o ex-diretor da CIA John Ratcliffe.
Trump teria rejeitado uma proposta de Caracas que oferecia participação americana na indústria de petróleo venezuelana — a maior reserva de óleo do mundo —, preferindo seguir com a estratégia de pressão militar e desestabilização política.
Mobilização militar e tensão no Caribe
Em resposta, Maduro mobilizou as Forças Armadas da Venezuela, ordenando exercícios militares em grandes favelas e regiões costeiras.
A medida foi anunciada um dia após um novo ataque dos Estados Unidos contra uma embarcação venezuelana, que o governo americano alegou transportar drogas em direção ao país.
Segundo Caracas, 27 pessoas já morreram desde setembro em operações navais norte-americanas.
“Vamos ativar toda a força militar de defesa popular, militar e policial”, afirmou Maduro em uma transmissão no Telegram. “As acusações de narcoterrorismo são uma desculpa para justificar uma invasão militar.”
O ministro do Interior e segundo nome mais poderoso do chavismo, Diosdado Cabello, declarou que os exercícios integram uma “ofensiva permanente contra o cerco e a agressão imperialista”.
Maduro envia carta a Trump e pede negociação
Apesar da escalada de tensões, Maduro demonstrou abertura para o diálogo com Washington.
Segundo a agência Reuters, o ditador enviou uma carta a Donald Trump em setembro, após o primeiro ataque naval americano, pedindo uma “conversa direta e franca” com o então presidente.
“Presidente, espero que juntos possamos derrotar as falsidades que têm manchado nosso relacionamento, que deve ser histórico e pacífico”, escreveu Maduro, propondo diálogo por meio do diplomata Richard Grenell, enviado especial dos EUA.
O líder venezuelano argumentou que apenas 5% das drogas que chegam aos Estados Unidos passam pela Venezuela, e que o país tem cooperado com órgãos internacionais no combate ao narcotráfico.
Cenário internacional
As novas declarações reacendem a tensão diplomática entre Caracas e Washington, em um momento de fragilidade econômica e isolamento internacional do governo Maduro.
Países da América Latina e União Europeia têm se mostrado cautelosos diante da possível escalada militar no Caribe, defendendo uma solução negociada e pacífica para a crise venezuelana.
