O cacau vai cair? Tarifaço de Trump deve afetar exportações baianas de derivados do produto
Exportações de cacau da Bahia podem ser impactadas por nova tarifa dos EUA. Indústrias e entidades do setor alertam para perdas e pedem medidas diplomáticas.
O setor cacaueiro da Bahia está em alerta após a confirmação do novo pacote de tarifas imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que entra em vigor no próximo dia 6 de agosto. Além de frutas como a manga do Vale do São Francisco, os derivados de cacau produzidos no sul do estado estão entre os produtos que podem ser diretamente afetados.
Segundo a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), apenas no primeiro semestre de 2024, as exportações baianas de manteiga, gordura e óleo de cacau para os EUA ultrapassaram US$ 45 milhões. Os principais players desse mercado são as gigantes Cargill, Joanes e Barry Callebaut, que operam a partir de Ilhéus e região. Até o momento, as empresas não comentaram os potenciais impactos da medida.
Setor pede reação urgente do governo brasileiro
Em nota oficial, a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) destacou que a nova tarifa compromete a competitividade dos derivados brasileiros no mercado internacional. A entidade defende a adoção de medidas diplomáticas e comerciais para evitar prejuízos mais severos, mas ainda não apresentou uma estimativa de perdas.
“Essa sobretaxa reduz a competitividade do Brasil frente a outros países exportadores, como Costa do Marfim e Gana, que poderão se beneficiar da situação”, alerta um trecho do comunicado.
Cacau da Bahia em crescimento recorde
A preocupação vem em um momento em que o setor cacaueiro baiano vive uma fase histórica de crescimento. De janeiro a junho de 2024, as exportações saltaram 119%, com faturamento recorde de US$ 434 milhões, movimentando 46 mil toneladas de derivados de cacau.
Os principais polos produtores estão localizados no sul da Bahia, especialmente nos municípios de Ilhéus, Wenceslau Guimarães e Uruçuca, onde a cadeia produtiva do cacau é um dos pilares da economia local.
Riscos e incertezas
Com o tarifaço, há risco de retração no volume exportado, perda de contratos internacionais e desaceleração da produção local, o que pode impactar desde grandes indústrias até pequenos produtores da região.
O governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente sobre contramedidas ao novo pacote de tarifas de Trump, mas setores como o do cacau e da fruticultura aguardam com urgência um posicionamento firme.
“Se não houver reação rápida, podemos perder anos de avanço na reestruturação da cacauicultura baiana”, alerta um especialista da cadeia produtiva.
O futuro do chocolate brasileiro e do cacau baiano agora depende de como o Brasil lidará com esse desafio diplomático e comercial.
