Trump impõe tarifa de 50% sobre exportações do Brasil, mas exclui aviões, suco e produtos estratégicos
Trump aplica tarifa de 50% sobre exportações do Brasil, mas exclui aviões, suco e insumos energéticos. Medida entra em vigor em sete dias.
Decreto do presidente dos EUA cita Alexandre de Moraes e acusa Brasil de ameaçar a segurança americana. Medida entra em vigor em sete dias.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que estabelece uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando para 50% a taxação total de exportações do Brasil para os EUA. A medida, que entra em vigor em sete dias, representa a maior sobretaxa já aplicada pelo governo americano ao Brasil.
Apesar do impacto amplo, o decreto prevê exceções importantes, isentando produtos estratégicos como aviões (beneficiando a Embraer), sucos, minérios, produtos energéticos e o ferro-gusa, essencial para a indústria siderúrgica dos EUA. A notícia fez a Bolsa reagir positivamente — com ações da Embraer subindo 10% — e segurou a disparada do dólar após a confirmação da medida.
Justificativa política e embate com Moraes
O comunicado oficial da Casa Branca afirma que a sobretaxa se justifica para “lidar com políticas e ações do governo brasileiro que ameaçam a segurança nacional e a economia dos EUA”. O texto menciona o ministro do STF Alexandre de Moraes, acusando-o de “perseguir Jair Bolsonaro” e “impor censura a empresas norte-americanas”.
Segundo o documento, membros do governo brasileiro estariam interferindo em assuntos internos dos EUA, inclusive congelando ativos de empresas americanas, o que teria motivado a retaliação.
A medida, no entanto, não menciona o comércio bilateral ou qualquer superávit ou déficit comercial, tornando claro que se trata de uma retaliação política disfarçada de sanção econômica.
Escalada nas relações Brasil-EUA e ameaça de novas sanções
O decreto também adverte que, se o Brasil retaliar, os EUA poderão aumentar ainda mais as tarifas. Por outro lado, abre a possibilidade de revogação parcial da ordem caso o Brasil “se alinhe aos interesses americanos” em temas de política externa e segurança.
A retórica dura e a imposição unilateral geram tensões diplomáticas inéditas desde o início do governo Lula. Autoridades brasileiras vêm tentando reabrir o diálogo com a Casa Branca, mas o governo Trump não sinaliza disposição para recuar.
Setores afetados e exceções estratégicas
Entre os setores que podem sofrer impactos mais imediatos estão o de alimentos, etanol e commodities agrícolas. Produtos como café, carne e frutas tropicais devem enfrentar aumentos de até 52,5% nas tarifas de importação.
Por outro lado, produtos que atendem interesses da indústria americana — como o ferro-gusa, essencial para as siderúrgicas, e aviões civis, como os fabricados pela Embraer — foram poupados. A decisão de excluir o ferro-gusa veio após pressão da Steel Dynamics, quarta maior produtora de aço dos EUA, que alertou para os riscos de encarecimento do insumo.
Reações e próximos passos
O governo brasileiro deve acionar canais diplomáticos e apresentar um plano de contingência. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já declarou que o Brasil não aceitará “arrogância travestida de diplomacia” e que o país protegerá seus interesses “com dignidade”.
Ainda assim, a tendência é de cautela, pois uma retaliação simétrica poderia afetar o consumidor brasileiro e ampliar tensões com o principal parceiro comercial fora da América Latina.
O impacto total da medida ainda está sendo avaliado, mas é certo que o comércio bilateral entra em um dos momentos mais tensos das últimas décadas.
Acompanhe no portal novas atualizações sobre os desdobramentos diplomáticos, econômicos e judiciais dessa crise entre Brasil e EUA.
