sexta-feira, 5 dezembro 2025
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Suspensão de exportações aos EUA pode reduzir preço da carne bovina no Brasil, apontam especialistas

Com a tarifa de 50% imposta pelos EUA, frigoríficos brasileiros paralisam embarques e redirecionam carne ao mercado interno, o que pode causar queda no preço da carne bovina nas próximas semanas. Setor busca novos mercados para evitar prejuízos.

Suspensão de exportações aos EUA pode reduzir preço da carne bovina no Brasil

Com tarifa dos EUA, frigoríficos paralisam exportações e aumentam oferta de carne bovina no Brasil, pressionando preços para baixo.

Frigoríficos paralisam produção para os EUA e redirecionam carga ao mercado interno

A decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa extra de 50% sobre produtos brasileiros já começa a provocar impactos no setor de carnes. Frigoríficos de Mato Grosso do Sul interromperam a produção destinada ao mercado norte-americano, e parte da carne bovina começou a ser redirecionada ao mercado interno, o que pode resultar em queda de preços no Brasil nas próximas semanas.
Segundo Alberto Sérgio Capucci, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sincadems), a produção que estava pronta para embarque foi desviada.

“Se você produz específico para aquele país e não é embarcado, você deve embarcar para outros mercados. Aquela produção que iria para os EUA está sendo direcionada para outros países e também para o mercado interno”, afirmou.

Mais oferta pode aliviar o preço ao consumidor no curto prazo

Com a disponibilidade maior de carne bovina no Brasil, a expectativa de especialistas é de que o preço caia temporariamente para o consumidor. O consultor em comércio exterior Aldo Barrigosse destaca:

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“Vamos ter mais oferta de carne bovina aqui no nosso mercado. Vai dar para fazer um churrasco e uma boa carne de panela.”

No entanto, ele alerta que o efeito pode ser passageiro caso se chegue a um novo acordo comercial.

Frigoríficos e governo buscam alternativas internacionais

Para minimizar os prejuízos, representantes do setor e o governo de Mato Grosso do Sul já negociam alternativas de exportação. Países como Chile e Egito aparecem como opções viáveis para redirecionar os embarques. Ainda assim, a adaptação a novos mercados pode levar tempo e aumentar a pressão sobre o mercado interno no curto prazo.

Mercado asiático e Oriente Médio ganham força como saída para a carne brasileira

Fernando Henrique Iglesias, analista do Safras & Mercados, avalia que, mesmo com a queda nas exportações aos EUA, os frigoríficos não devem inundar o mercado interno, mas sim buscar outros destinos internacionais.

“A nossa sorte é que tem mais de 100 países comprando carne do Brasil”, destacou.

Ele também lembrou da abertura de um escritório da Associação Brasileira da Indústria de Carnes (Abiec) na China e do retorno das compras do Vietnã, o que fortalece a presença brasileira na Ásia.

Japão e Coreia do Sul podem entrar na rota de exportação

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou na última semana que o Brasil deve intensificar negociações com novos mercados.

“Vou reforçar essas ações, buscando os mercados mais importantes do Oriente Médio, do Sul Asiático e do Sul Global, que têm grande potencial consumidor e podem ser uma alternativa para as exportações brasileiras”, disse o ministro.

Exportadores preocupados com cargas já enviadas aos EUA

A paralisação nos frigoríficos brasileiros foi confirmada por Roberto Perosa, presidente da Abiec. “Com essa taxação, se torna inviável a exportação de carne bovina aos EUA, que é o nosso segundo maior comprador”, afirmou. Ele ainda expressou preocupação com as cargas que já estão em trânsito:

“Temos cerca de 30.000 toneladas que estão no porto ou nas águas. É um volume em torno de 150, 160 milhões de dólares que já estão produzidos e a caminho dos EUA.”

Atualmente, os Estados Unidos são responsáveis por 12% das exportações brasileiras de carne bovina, atrás apenas da China, que representa cerca de 48% das vendas, conforme dados do Ministério da Agricultura.

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Gabriel Figueiredo
Gabriel Figueiredo
Gabriel Figueiredo, jornalista baiano, nascido em Feira de Santana, com mais de 15 anos de experiência, é referência em notícias locais e inovação do Minha Bahia.
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