sábado, 13 dezembro 2025
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México aprova tarifaço de até 50% sobre importações brasileiras após recuo dos EUA

Decisão do Senado mexicano eleva tensões comerciais e atinge setores estratégicos da economia brasileira.

México aprova tarifaço de até 50% sobre importações brasileiras após recuo dos EUA

O comércio exterior brasileiro atravessa uma semana marcada por movimentos opostos no cenário internacional. Enquanto os Estados Unidos aliviaram parte das tarifas aplicadas a produtos do Brasil, o México decidiu endurecer sua política comercial, aprovando um tarifaço de até 50% sobre importações de 11 países, entre eles o Brasil.

A decisão foi aprovada nesta quarta-feira (10) pelo Senado mexicano, poucos dias após o governo norte-americano recuar em parte das medidas que vinham pressionando o setor exportador brasileiro.

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EUA aliviam tarifas sobre produtos brasileiros

No fim de novembro, a Casa Branca retirou a tarifa de 40% que incidia sobre mais de 200 produtos brasileiros, incluindo carne bovina, café, cacau e açaí. Esses itens passaram a integrar a lista de exceções ao tarifaço americano.

A redução entrou em vigor no dia 13 de novembro, coincidindo com uma reunião entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, indicando uma tentativa de reaproximação comercial entre os dois países.

México segue caminho oposto e aprova sobretaxas

Na contramão do movimento americano, o México avançou com uma política mais protecionista. Por 76 votos a 5, o Senado aprovou o aumento das tarifas de importação para países que não possuem acordos comerciais robustos com o país, como Brasil e China.

A proposta foi enviada pela presidente Claudia Sheinbaum e deve entrar em vigor em 1º de janeiro de 2026, após publicação oficial.

Ao todo, 1.463 classificações tarifárias serão afetadas, abrangendo setores estratégicos como:

  • Automotivo

  • Têxtil e vestuário

  • Siderurgia

  • Plásticos

  • Eletrodomésticos

  • Móveis e calçados

As tarifas devem variar entre 20% e 35%, mas podem chegar ao teto de 50%, especialmente no setor automotivo.

China como alvo central da medida

Embora o Brasil esteja entre os países atingidos, analistas apontam que o principal alvo da iniciativa é a China, que atualmente responde por cerca de 20% das vendas de veículos no mercado mexicano.

O Ministério do Comércio chinês reagiu negativamente, classificando a medida como “unilateral” e alertando para “prejuízos substanciais” ao comércio internacional.

Impactos e possíveis oportunidades para o Brasil

No Brasil, o governo e o setor produtivo avaliam os efeitos da decisão. O setor automotivo, em especial, pode ser parcialmente poupado devido ao Acordo Automotivo Brasil–México, em vigor desde 2003, que prevê livre comércio de veículos, autopeças e máquinas agrícolas entre os dois países.

A Anfavea, associação das montadoras, avalia que os novos impostos não devem se aplicar aos produtos cobertos pelo acordo. Caso essa interpretação seja confirmada, a sobretaxa mexicana sobre produtos chineses pode abrir espaço para ganho de mercado das montadoras brasileiras.

Entre janeiro e outubro deste ano, o Brasil exportou 66.474 veículos para o México, número que representa uma queda de 17,3% em relação ao mesmo período de 2024.

Críticas internas e pressão política

A votação no Senado mexicano foi marcada por críticas. 35 parlamentares se abstiveram, alegando que o projeto foi elaborado de forma acelerada e sem uma análise aprofundada do impacto inflacionário.

Há também a avaliação de que a medida reflete pressões políticas dos Estados Unidos, especialmente do ex-presidente Donald Trump, que busca conter a entrada de produtos chineses no mercado americano por meio do México.

Em defesa da proposta, senadores governistas afirmaram que o tarifaço é uma estratégia para fortalecer a indústria local, atrair investimentos e expandir as cadeias produtivas internas do país.

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Gabriel Figueiredo
Gabriel Figueiredo
Gabriel Figueiredo, jornalista baiano, nascido em Feira de Santana, com mais de 15 anos de experiência, é referência em notícias locais e inovação do Minha Bahia.
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