Alckmin defende Brasil em conversa com secretário de Trump e critica tarifa de 50% sobre exportações
Geraldo Alckmin conversou com secretário de Trump sobre tarifa de 50% imposta às exportações brasileiras. Governo brasileiro articula resposta e reforça que negociação não deve ter viés político.
Vice-presidente reforça que Lula orienta negociação sem contaminação política ou ideológica
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta-feira (25) que conversou com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, sobre a tarifa de 50% anunciada pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros. A conversa ocorreu no último sábado e, segundo Alckmin, durou cerca de 50 minutos.
“Conversamos com o governo americano. Tivemos uma conversa até longa, que entendo importante, colocando todos os pontos e destacando o interesse do Brasil na negociação”, disse o vice-presidente.
Alckmin critica tarifa e destaca parceria histórica com os EUA
Durante sua declaração, Alckmin destacou a longa tradição de mais de 200 anos de relações entre Brasil e Estados Unidos, enfatizando que o diálogo precisa ser feito de forma bilateral.
“Não é possível o país sofrer uma injustiça dessas”, declarou.
A medida americana foi anunciada por Trump no dia 9 de julho e entra em vigor a partir de 1º de agosto. O ex-presidente americano justificou a decisão alegando “injustiça” na relação comercial com o Brasil, apesar de dados oficiais apontarem superávit comercial dos EUA. Em carta enviada ao presidente Lula, Trump também misturou argumentos políticos e comerciais, criticando o julgamento de Jair Bolsonaro e alegando censura de plataformas americanas no Brasil.
Negociação sem viés político e busca por soluções econômicas
Alckmin afirmou que o presidente Lula tem orientado que as negociações sejam conduzidas sem viés político ou ideológico.
“O presidente Lula tem orientado negociação, não ter contaminação política e ideológica, mas centrar na busca de solução para a questão comercial”, explicou.
Entre os temas levantados com os americanos, o vice-presidente mencionou a possibilidade de maior integração produtiva, investimentos recíprocos, e a discussão sobre a bitributação.
Mineração e balança comercial também foram pautas
Ao ser questionado sobre os interesses dos EUA nos minerais críticos do Brasil, Alckmin evitou detalhar negociações, mas reconheceu que o setor tem potencial para expansão.
“O setor minerário é um que nós recebemos (em reuniões)… exporta para os Estados Unidos apenas 3%, mas importa em máquinas e equipamentos em mais de 20%, o que mostra, de novo, enorme superávit na balança comercial [para os EUA]”, disse.
Governo articula resposta política e medidas emergenciais
Como parte do esforço político, senadores brasileiros devem viajar aos Estados Unidos nos próximos dias para ampliar as articulações comerciais e diplomáticas. O governo também avalia medidas de resposta à decisão americana, além da criação de um pacote emergencial de apoio às empresas exportadoras afetadas pela tarifa.
Alckmin ainda destacou a importância da nova lei do Acredita Exportação, que será sancionada pelo presidente Lula na próxima segunda-feira (29). A medida prevê a devolução de 3% do valor exportado para pequenos exportadores, funcionando como um mecanismo de transição do programa Reintegra.
