BC incorpora a agenda climática em suas políticas, segundo Campos Neto
Roberto Campos Neto, à frente do Banco Central do Brasil, reconhece a crescente relevância da agenda climática para os Bancos Centrais globalmente. Segundo ele, variações climáticas influenciam diretamente a economia, ajustando preços e afetando a política monetária.
Melhora na narrativa Verde do Brasil
Em conversa com a Folha, ele aponta uma evolução significativa na percepção global sobre o compromisso do Brasil com a sustentabilidade.
“Os investidores e as pessoas entenderam que há uma preocupação [no Brasil], que tem projetos, qual o sequenciamento deles e para onde está indo em termos de medidas de sustentabilidade”, ressalta Campos Neto.
O Brasil como potência em Energia Sustentável
Campos Neto visualiza o Brasil como um protagonista na produção de bens com energia sustentável. Esta visão coloca o país como um destino atraente para investimentos verdes, dada a abundância de recursos para energia limpa.
Integração da agenda Verde aos mandatos dos BCs
A integração da sustentabilidade aos objetivos dos Bancos Centrais é vista como essencial.
“Agora, está muito claro que, se tivermos problemas climáticos em sequência isso também afeta a política monetária, porque tem distorção de preços, afeta logística e energia. Afeta os juros e, em última instância, afeta a estabilidade financeira”, explica o presidente do BC.
Brasil e investimentos Verdes
Durante a administração anterior, Campos Neto já destacava-se por sua defesa de uma agenda ecológica. Ele reflete sobre o desenvolvimento gradual do tema da sustentabilidade no Brasil, que passou por várias “ondas” de foco, desde a geração de energia limpa até a produção sustentável de alimentos.
A preocupação dos investidores com a sustentabilidade é identificada como um movimento crescente, onde o Brasil teve que aprimorar sua narrativa para não perder oportunidades de investimentos verdes.
Resposta a Críticas e Avanço na Sustentabilidade
Campos Neto menciona esforços para responder a críticas internacionais sobre a política ambiental do Brasil, especialmente relacionadas ao desmatamento na Amazônia.
“Eu ajudei a coordenar uma resposta para ela [carta], a agenda do Brasil tem se modificado muito. Ele tem se mostrado muito mais numa agenda pró-sustentabilidade. O mundo reconhece isso. A narrativa melhorou.”
Desafios Futuros
O desafio para o Brasil nos próximos anos é promover um crescimento sustentável, mantendo o equilíbrio fiscal e a atenção às questões sociais.
“Não adianta crescer sem olhar o social, mas não adianta crescer de forma não sustentável fiscalmente”, conclui Campos Neto, ressaltando a necessidade de mais reformas focadas em crescimento e produtividade.