Plano prevê reorganização administrativa, novos serviços e economia anual de R$ 2,1 bilhões para enfrentar déficit histórico da estatal
O presidente dos Correios, Emmanoel Schmidt Rondon, anunciou nesta segunda-feira (29) um amplo projeto de reestruturação da estatal, que atualmente acumula uma dívida estimada em R$ 740 milhões. A proposta inclui modernização tecnológica, revisão de cargos e busca por novas fontes de receita para garantir a sustentabilidade financeira da empresa.
O anúncio foi feito durante coletiva de imprensa, na qual Rondon destacou que o modelo atual dos Correios se tornou rígido e pouco adaptável às transformações do mercado.
Estrutura engessada e desafios internos
Segundo o presidente, cerca de 90% das despesas da empresa são fixas, o que dificulta ajustes rápidos e correções de rota. Ele também apontou defasagem tecnológica e modelos de gestão ultrapassados como entraves para a competitividade da estatal.
“Algumas empresas de correio conseguiram se adaptar de maneira mais célere e assertiva. Em geral, buscaram outras fontes de receita para compor o portfólio de serviços. Esse é um dos nossos grandes desafios”, afirmou.
Plano de retomada em etapas
O projeto de reestruturação será implementado em fases. A primeira delas é a recuperação do caixa, com captação de recursos para corrigir o déficit financeiro. Nesse contexto, Rondon citou o empréstimo de R$ 12 bilhões, firmado na última sexta-feira (26) com cinco grandes bancos.
O contrato, publicado no Diário Oficial da União (DOU), envolve Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco e Santander, tem validade até 2040 e conta com garantia da União.
Revisão de cargos e economia bilionária
Na fase seguinte, os Correios entrarão em um processo de reorganização e modernização, ainda sem alterar estruturalmente o modelo de negócio. O foco será criar eficiência operacional para gerar resultados.
Entre as medidas anunciadas estão:
Revisão de cargos de média e alta remuneração;
Reestruturação nas superintendências estaduais e na sede;
Revisão dos planos de saúde e previdência.
De acordo com Rondon, essas ações devem gerar uma economia anual de aproximadamente R$ 2,1 bilhões.
Modernização como eixo central
O presidente reforçou que todo o investimento previsto no plano será acompanhado de critérios rigorosos para garantir retorno e eficiência.
“A ideia é assegurar que cada recurso aplicado na companhia seja bem empregado e cumpra o objetivo de tornar os Correios mais modernos, eficientes e sustentáveis”, concluiu.
O projeto marca uma das maiores tentativas recentes de reorganização da estatal, que enfrenta forte concorrência no setor logístico e pressão por eficiência no serviço público.
