Juros futuros sugerem alta na Selic para 2025, desafiando expectativas de economistas
Apesar das expectativas anteriores do mercado financeiro por uma Selic de um dígito em 2025, a tendência parece ter mudado. Os juros futuros, contratos que preveem a taxa Selic futura, agora sugerem uma alta de 0,25 ponto percentual na segunda metade do próximo ano, o que elevaria a taxa dos atuais 10,50% para 10,75%.
Divergência com projeções de economistas
Essa projeção contrasta com a pesquisa Focus, que prevê uma Selic de 9% em 2025, e com as previsões mais atualizadas de dez grandes bancos consultados, onde sete esperam que a taxa básica de juros caia para um dígito no final do próximo ano. Dalton Gardimam, economista-chefe da Ágora Investimentos, aponta que essa discrepância de expectativas é resultado do ambiente volátil, influenciado pela instabilidade dos juros nos Estados Unidos e pela desancoragem das expectativas inflacionárias brasileiras.
Impacto das decisões do Fed e da inflação no Brasil
As expectativas foram ajustadas devido à manutenção dos juros nos Estados Unidos em patamares elevados e uma inflação mais persistente do que o esperado, afetando globalmente as previsões econômicas. No Brasil, a inflação também trouxe surpresas, com o IPCA de abril registrando uma aceleração para 0,38%, aumentando as projeções para o IPCA de 2024 para 3,86%.
Projeções para o futuro da política monetária brasileira
Gardimam espera um corte adicional de 0,25 ponto percentual na Selic este ano, levando-a a 10,25%, com um IPCA previsto em 4%, acima da meta de 3%. Para o próximo ano, ele prevê que a Selic possa alcançar 9,50%, ainda considerada uma taxa alta, com um IPCA de 3,5%.
Enquanto isso, a inflação de serviços no Brasil, impulsionada por um mercado de trabalho aquecido, e a alta do câmbio continuam a pressionar o IPCA. O desemprego no Brasil está no menor nível dos últimos dez anos, a 7,5%, contribuindo para a pressão inflacionária. Segundo Fernando Gonçalves, superintendente de Pesquisa Econômica do Itaú, essa é uma das principais razões para a dificuldade em controlar a inflação e manter a Selic abaixo de dois dígitos.
As divisões na mais recente reunião de política monetária também contribuem para a incerteza das expectativas, com todos os indicados pelo governo Lula votando por um corte maior do que o efetuado. A próxima reunião do Copom, marcada para 19 de junho, é vista como decisiva para as expectativas futuras da política monetária brasileira.