O comandante do barco que naufragou em Madre de Deus, na Bahia, relatou ameaças de morte e reafirmou a versão de que a embarcação foi invadida por passageiros. Fábio Freitas, piloto da embarcação, alegou que estava curtindo o domingo com a família e parou na Ilha de Maria Guarda para buscar sua filha quando a invasão ocorreu.
Contrariando informações anteriores sobre uma possível briga relacionada ao preço da passagem, Fábio Freitas negou que essa tenha sido a causa do naufrágio. Ele destacou que não sabe exatamente quantas pessoas estavam a bordo, mas refutou a estimativa de cerca de 20 passageiros, conforme testemunhas haviam mencionado.
“Quando encostei, aquele pessoal entrou no barco. Pedi para saírem, porque o barco não era para transporte, mas eles não saíram, se sentaram e eu não tinha como tirar eles do barco”, disse Fábio Freitas.
“Eu tinha que tirar o barco do píer e minha alternativa foi tirar o barco e ir embora”, completou.
Piloto negou cobrança de passagem
Após o naufrágio, uma versão era de que a briga que causou o naufrágio do barco teria sido causada por causa do preço da passagem. Fábio Freitas negou a informação.
“Não fretei o barco para ninguém. Nunca fretei, porque ele não é barco para isso”.
Versão da Esposa
A versão apresentada por Fábio Freitas foi corroborada por sua esposa, Sandra, que também estava no barco. Segundo ela, tentou acalmar as pessoas durante a briga, mas não conseguiu evitar o tumulto.
No entanto, a narrativa de Sandra diverge da apresentada pelo Major Diego Pestana, comandante da 10ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Candeias), durante coletiva realizada na segunda-feira (22). O oficial afirmou que o piloto chegou a se apresentar no terminal, mas posteriormente fugiu.
“Depois de salvar algumas pessoas, ele foi para Salvador acompanhar o corpo da filha”, afirmou a esposa do piloto.
Após o naufrágio, Fábio Freitas e Sandra tiveram que deixar a casa onde moravam em Madre de Deus devido a ameaças de morte. Segundo Sandra, a primeira ameaça ocorreu ainda no píer do município. Um dos homens envolvidos na briga teria dito que a filha do piloto morreu no naufrágio e, por isso, ele deveria ser morto. No entanto, Sandra destaca que o piloto também perdeu a filha e o neto no acidente.
Devido às ameaças, Fábio Freitas não pôde acompanhar o velório e sepultamento de sua filha Flaviane de Jesus e do neto Jonathan Miguel, de 9 anos.
“No pude ir me despedir dela porque estou sendo ameaçado lá”, lamentou o piloto, visivelmente emocionado.
Na terça-feira (23), a defesa do piloto do barco compareceu à Polícia Civil e alegou que a embarcação foi invadida por pessoas presentes no local. O advogado Elder Costa confirmou que o piloto não possui habilitação para conduzir a embarcação. Nesta quarta, Elder Costa informou que tentou apresentar o cliente na delegacia na terça-feira, mas o delegado Marcos Laranjeiras negou a informação, acrescentando que continua aguardando para prestar esclarecimentos caso o piloto e sua esposa desejem fazê-lo.
Fonte: G1 Bahia
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