Trabalhadores relatam cortes em planos de saúde, falhas na segurança, assédio moral e omissão sindical
Funcionários da Motiva, antiga CCR Metrô Bahia, denunciaram uma série de problemas que, segundo eles, colocam em risco tanto os trabalhadores quanto os usuários do sistema metroviário de Salvador. Em uma denúncia anônima enviada à imprensa, os colaboradores afirmam enfrentar cortes em benefícios, precarização das condições de trabalho, falhas na segurança operacional e práticas recorrentes de assédio moral.
Sob o título “Estamos gritando por socorro!”, o relato descreve um cenário de regressão estrutural e alerta para a possibilidade de consequências graves caso não haja intervenção das autoridades competentes.
Cortes em planos de saúde e odontológico
De acordo com os trabalhadores, mudanças realizadas em 2025 nos planos de saúde e odontológico reduziram drasticamente a rede credenciada, tornando cerca de 70% dos serviços inacessíveis. Tratamentos em áreas como psicologia, pediatria e terapias especializadas teriam sido interrompidos, além de dificuldades para atendimento emergencial, forçando muitos colaboradores a recorrer ao SUS.
Os denunciantes afirmam ainda que a lista de clínicas conveniadas estaria desatualizada, com endereços inexistentes ou unidades que se recusam a atender após a mudança do plano.
“Temos medo de que só haja resposta depois de um agravamento sério, ou até um óbito”, diz um trecho do documento.
Falhas na segurança e sobrecarga operacional
A denúncia aponta também problemas graves na operação do sistema. Segundo os funcionários, há déficit crônico de efetivo de segurança, escalas de trabalho desgastantes e aumento de ocorrências como agressões, acidentes e tentativas de suicídio nas plataformas.
Relatos indicam que trabalhadores são obrigados a cobrir múltiplas estações e trens simultaneamente, sem o suporte necessário, o que comprometeria tanto a segurança operacional quanto a saúde física e mental das equipes.
Assédio moral e gestão contestada
No campo administrativo, os colaboradores relatam práticas frequentes de assédio moral, desvalorização salarial, ausência de plano de carreira e processos seletivos internos considerados sem credibilidade.
Segundo o documento, promoções seriam previsíveis e direcionadas, independentemente da competência técnica dos escolhidos.
“Todos já sabem quem será promovido antes mesmo do processo começar”, afirmam os trabalhadores.
Críticas ao sindicato
Outro ponto sensível da denúncia é a atuação do SINDFERRO, sindicato da categoria. Os funcionários acusam a entidade de omissão e conivência com as mudanças implementadas pela empresa.
Segundo eles, o medo de retaliações e a necessidade de manter o emprego impedem uma reação mais firme por parte da categoria.
Resposta da Metrô Bahia
Em nota, a Metrô Bahia afirmou que está em fase de transição do plano de saúde, buscando manter o benefício dentro de parâmetros sustentáveis, e que atua junto à operadora para garantir a continuidade dos atendimentos.
A empresa também declarou adotar protocolos rigorosos de segurança, oferecer apoio psicológico aos colaboradores, repudiar qualquer forma de assédio e manter canais de compliance seguros e sigilosos para apuração de denúncias.
Posicionamento do sindicato
O SINDFERRO, por sua vez, negou omissão e afirmou que atua em todas as denúncias recebidas, tanto pela via administrativa quanto jurídica e política, quando necessário.
A entidade ressaltou que mantém atuação independente e vigilante em relação à segurança, saúde e condições de trabalho dos empregados do metrô.
As denúncias reforçam a urgência de acompanhamento por órgãos fiscalizadores e autoridades públicas, diante do impacto direto que as condições de trabalho podem ter na segurança de milhares de usuários do transporte metroviário de Salvador.
