O fim de 2025 em Ibicaraí, no sul da Bahia, tem sido marcado por um cenário de instabilidade social e administrativa. A gestão da prefeita Monalisa Gonçalves Tavares (União Brasil) promoveu a demissão de aproximadamente 600 servidores municipais em pleno período natalino, decisão que gerou forte repercussão negativa na cidade.
A medida ampliou a vulnerabilidade social de centenas de famílias e expôs problemas estruturais enfrentados pela administração municipal.
Famílias sem renda e impacto econômico
Sem salários e sem perspectiva imediata de recolocação, muitos ex-servidores relatam dificuldades para atravessar o período de festas.
“Passar o Natal e o Ano Novo com o aviso de demissão na mão é uma crueldade sem tamanho”, afirmou um ex-funcionário, sob anonimato.
A economia local, altamente dependente da circulação dos vencimentos do funcionalismo, já começa a sentir os efeitos da retração no consumo.
Colapso na Saúde municipal
O impacto das demissões se reflete diretamente nos serviços essenciais. Moradores denunciam a falta de medicamentos básicos nos postos de saúde e descrevem o Hospital Municipal como sucateado, com infraestrutura precária e equipamentos obsoletos, dificultando o atendimento à população.
Relatos apontam atrasos em procedimentos, escassez de insumos e sobrecarga dos profissionais que permaneceram na rede.
Desgaste administrativo e judicialização
Além da crise social, a gestão enfrenta críticas por abandono da estrutura pública. Uma denúncia aponta a existência de um verdadeiro “cemitério de veículos” no pátio da prefeitura, com carros oficiais deteriorados por falta de manutenção.
No campo jurídico, a prefeita responde a ações que questionam valores que podem chegar a R$ 500 mil. A administração também é alvo de críticas pela ausência de concursos públicos, mantendo a máquina municipal por meio de contratações temporárias consideradas precárias.
Afastamento, retorno e instabilidade política
Em julho deste ano, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) suspendeu a decisão que havia determinado o afastamento de Monalisa Gonçalves por improbidade administrativa. A medida ocorreu após recurso da defesa, que alegou ausência de dolo específico e falhas na interpretação da legislação.
A prefeita havia sido afastada por decisão da Câmara Municipal, após cobrança do Ministério Público Federal (MPF), com base em condenação referente à sua primeira gestão, em 2006, já transitada em julgado no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Com o afastamento, o vice-prefeito Jonathas Soares (Republicanos) chegou a assumir o cargo, mas a decisão do desembargador federal Marcus Vinicius Reis Bastos suspendeu os efeitos da sentença, permitindo o retorno de Monalisa à prefeitura.
Enquanto isso, a população de Ibicaraí encerra o ano sob clima de insegurança, com incertezas sobre o futuro administrativo, econômico e social do município.
