Aumento de 525% na COSIP causa revolta em Jequié e coloca projeto de Zé Cocá sob pressão
A proposta enviada pelo prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), para aumentar a Contribuição para o Custeio dos Serviços de Iluminação Pública (COSIP) gerou forte reação negativa entre moradores e turbulência dentro da própria base aliada no Legislativo. O projeto de lei complementar prevê reajustes que chegam a 525% em algumas faixas de consumo e amplia a cobrança para a carga bruta produzida por quem gera energia renovável, como a solar.
Impacto direto ao consumidor
Com o novo modelo, um consumidor residencial sem energia solar que usa acima de 651 kW pode ver a tarifa subir de R$ 35 para R$ 120 por mês. O salto chamou atenção porque a arrecadação da COSIP no município já havia crescido 360% entre 2021 e 2024, levantando questionamentos sobre a necessidade de um novo aumento tão expressivo.
A aprovação da proposta dependerá agora dos vereadores de Jequié, que enfrentam forte pressão popular.
Gastos com Natal ampliam insatisfação
Em meio à polêmica da COSIP, outro ponto aumentou a indignação da população: o anúncio de gastos próximos de R$ 5 milhões apenas com a decoração natalina de 2024.
A empresa vencedora da licitação — sediada em Lafaiete Coutinho, cidade onde Zé Cocá já foi prefeito e onde o irmão, Flávio Santana, é o gestor atual — recebeu contrato de R$ 3,76 milhões.
Somam-se a isso R$ 468,6 mil para compra de mangueiras de LED e R$ 2,81 milhões para contratação de bandas, artistas e apresentações, chegando a um total que ultrapassa R$ 7 milhões destinados ao evento de Natal.
Revolta e críticas à gestão
Moradores alegam que áreas essenciais do município continuam sem solução — como saúde, educação, transporte público, cultura e serviços urbanos — e consideram o pacote de gastos um descompasso com as prioridades da cidade.
Prefeitura nega “taxa sobre energia solar”
Diante das críticas, a gestão municipal afirmou que não está criando um novo imposto para quem utiliza energia solar, mas apenas “atualizando” as regras da COSIP.
A justificativa é de que a cobrança leva em conta o consumo bruto porque, mesmo gerando sua própria energia, o contribuinte permanece conectado à rede e utiliza serviços como iluminação pública.
A decisão final sobre o aumento, agora, está nas mãos dos vereadores — e sob intensa pressão popular.
