Prefeitura de Salvador bancou R$ 23 mil em diárias e um curso de R$ 105 mil para secretária Mila Paes Scarton, incluindo viagens internacionais.
Servidora recebeu diárias nacionais e internacionais para participar de curso privado custeado com dinheiro público
A secretária de Desenvolvimento Econômico de Salvador, Mila Paes Scarton, recebeu R$ 23 mil em diárias da Prefeitura de Salvador para participar de módulos nacionais e internacionais de um curso privado oferecido pela Saint Paul Escola de Negócios, em São Paulo.
O valor das diárias se soma ao custeio integral do curso, que foi pago com recursos públicos ao custo de R$ 105 mil, conforme dados disponíveis no Portal da Transparência do município.
Detalhes dos pagamentos
De acordo com os registros oficiais, a secretária recebeu:
– R$ 18,6 mil em 21 de fevereiro de 2025, referentes a 15,5 diárias para custear a viagem internacional destinada ao módulo do curso fora do país;
– R$ 2 mil em 27 de maio de 2025, para diárias nacionais relativas a outro módulo realizado em São Paulo;
– R$ 2,4 mil em 24 de janeiro, também para uma etapa do programa na capital paulista;
– E, em 13 de março, mais R$ 679,50, referentes a 1,5 diária, novamente para deslocamento a São Paulo.
Somadas, as liberações ultrapassam R$ 23 mil, todas provenientes do orçamento municipal e direcionadas a uma servidora não concursada.
Viagens e curso pagos com dinheiro público
As informações ampliam o escândalo revelado pela coluna Metropolítica, que já havia mostrado que Mila Paes teve o curso pago integralmente pela Prefeitura. Agora, com as novas diárias, os dados revelam que os cofres públicos também arcaram com despesas adicionais de deslocamento e hospedagem, incluindo viagem internacional, durante a gestão do prefeito Bruno Reis (União Brasil).
O programa cursado pela secretária integra uma formação executiva de alto custo, voltada para gestores públicos e privados, e inclui módulos presenciais e internacionais — o que, segundo especialistas, não configura capacitação obrigatória de serviço público, já que o curso é oferecido por uma instituição privada.
Repercussão política e questionamentos
A situação tem gerado forte repercussão política em Salvador, com críticas à gestão municipal por suposto uso indevido de recursos públicos em benefício de cargos comissionados.
Fontes da Câmara Municipal afirmam que vereadores de oposição pretendem solicitar explicações formais à Prefeitura e à Secretaria de Gestão sobre o critério utilizado para liberar os pagamentos.
Em nota enviada a veículos de imprensa, a Prefeitura ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso. No entanto, o episódio reacende o debate sobre a falta de controle e transparência nos gastos com diárias e capacitações de servidores fora do país.
Se confirmadas as irregularidades, o caso pode ser encaminhado ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-BA) e ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) para investigação.
