CNH sem autoescola: governo detalha passo a passo da proposta e promete reduzir custo em até 80%
O Ministério dos Transportes apresentou uma proposta que pode mudar completamente o processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) no Brasil. A medida, que está em consulta pública pela plataforma Participa + Brasil, elimina a obrigatoriedade de matrícula em autoescolas e promete reduzir o custo total da habilitação em até 80%.
Segundo a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), mais de 20 milhões de brasileiros dirigem sem habilitação, e somente em 2024 foram registradas mais de 900 mil infrações por condução irregular. O objetivo do projeto é facilitar o acesso à CNH e reduzir a burocracia do processo atual, que pode custar até R$ 4.200 e durar quase um ano.
Confira o passo a passo proposto pelo governo
1. Requisitos básicos
Os critérios permanecem os mesmos:
– Ter 18 anos ou mais;
– Saber ler e escrever;
– Ter documento de identidade e CPF.
Quem optar pelo curso teórico à distância poderá confirmar a identidade digitalmente por meio da conta gov.br.
2. Abertura do processo
Cumpridos os requisitos, o candidato poderá abrir o processo de forma digital, pelo site ou aplicativo do Detran do seu estado — também sendo possível o atendimento presencial. O andamento será acompanhado pelo Registro Nacional de Carteira de Habilitação (Renach).
3. Etapa teórica: liberdade de escolha
Uma das principais mudanças é a flexibilização do curso teórico, que deixará de ser exclusivo das autoescolas.
O candidato poderá escolher como e onde estudar:
- Fazer o curso online gratuito do Ministério dos Transportes;
- Optar por autoescolas tradicionais, presenciais ou a distância;
- Ou utilizar escolas públicas de trânsito (como os Detrans) e outras instituições credenciadas.
Não será mais obrigatório cumprir as 45 horas-aula exigidas atualmente.
4. Coleta biométrica
Após a etapa teórica, o candidato deverá comparecer ao Detran para a coleta biométrica — foto, digitais e assinatura. Essa biometria será usada em todas as etapas seguintes, garantindo a autenticidade do candidato nas provas.
5. Exames médicos e psicológicos
Os exames de aptidão física e psicológica continuam obrigatórios e deverão ser feitos em clínicas credenciadas pelo Detran.
6. Aulas práticas passam a ser opcionais
Outra grande novidade é o fim da carga horária mínima de 20 horas-aula. As aulas continuarão sendo oferecidas por autoescolas, mas o candidato também poderá contratar instrutores independentes credenciados pelo Detran.
O veículo usado nas aulas poderá pertencer ao instrutor ou ao próprio candidato.
7. Prova teórica
A prova teórica continua obrigatória e poderá ser realizada presencialmente ou online, conforme a estrutura de cada Detran. O candidato precisa acertar pelo menos 70% das questões. Quem reprovar poderá refazer o exame quantas vezes forem necessárias.
8. Prova prática
O exame de direção também permanece obrigatório e será agendado diretamente com o Detran. O sistema de pontuação será o mesmo: o candidato começa com 100 pontos e perde conforme os erros. Para ser aprovado, precisa terminar com no mínimo 90 pontos.
9. Permissão e CNH definitiva
Aprovado o exame prático, o motorista recebe a Permissão para Dirigir (PPD), válida por um ano. Durante esse período, não pode cometer infrações graves ou gravíssimas, nem reincidir em infrações médias. Cumprido o prazo sem penalidades, a CNH definitiva é emitida automaticamente, sem novo pedido.
10. Custos e taxas
As taxas estaduais continuam sob responsabilidade dos Detrans. Com a nova estrutura, que dá mais liberdade ao candidato para escolher onde e como estudar e treinar, o custo total poderá cair em até 80%, segundo estimativas do governo.
Atualmente, tirar a CNH pode custar entre R$ 3.500 e R$ 4.200, dependendo do estado. Com o novo modelo, o valor pode cair para menos de R$ 1.000, especialmente para quem optar por cursos online e instrutores independentes.
Consulta pública e próximos passos
O texto está em consulta pública até o fim de outubro na plataforma Participa + Brasil. Após o período, o Ministério dos Transportes consolidará as sugestões para enviar o projeto final ao Congresso Nacional.
Se aprovado, o novo formato da CNH pode começar a valer a partir de 2026, com regulamentação gradual pelos Detrans estaduais.
