Deputados prometem ‘troco’ a senadores após rejeição da PEC da Blindagem e cobram defesa de Motta
A rejeição unânime da PEC da Blindagem pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado provocou forte reação na Câmara dos Deputados. Líderes partidários afirmam que a Casa se sentiu “humilhada” pelos senadores e já articulam formas de retaliação.
Pressão sobre Hugo Motta
Um dos principais alvos da insatisfação é o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Deputados reclamam da postura pública do parlamentar, que declarou à imprensa não haver “traição” do Senado e defendeu a autonomia entre as Casas.
Nos bastidores, no entanto, Motta teria reconhecido que existia, sim, um acordo com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para avançar com a proposta. “Ele [Motta] tem que escolher para quem vai mentir. Ele fala uma coisa para a gente e outra para a imprensa”, disse um líder do Centrão.
Aliados próximos afirmam que, embora Motta reconheça o desgaste, não é de seu perfil promover embates públicos.
Senado expôs a Câmara, dizem deputados
Deputados avaliam que a Câmara foi “exposta” porque o Senado não apenas divergiu, mas “humilhou” a outra Casa ao rejeitar integralmente a PEC e classificar o projeto como “PEC da Bandidagem”.
Um veterano com vários mandatos afirmou que nunca viu um embate tão direto entre as duas Casas, “nem mesmo quando Arthur Lira e Rodrigo Pacheco estavam em lados opostos”.
Possíveis retaliações
Entre as medidas discutidas nos bastidores, estão:
Travar projetos de autoria de senadores que precisem tramitar na Câmara;
Aumentar a pressão na CPMI do INSS, com a tentativa de quebrar sigilos que poderiam atingir senadores citados em depoimentos;
Criar dificuldades para pautas de interesse do Senado em votações conjuntas.
No entanto, líderes reconhecem que um impasse desse tipo poderia paralisar o Congresso: “Aí para tudo”, resumiu um deputado do Centrão.
Atuação de Alcolumbre
Apesar do desgaste, alguns parlamentares isentam Davi Alcolumbre, afirmando que o senador não conseguiu segurar o acordo diante da pressão interna do Senado e das manifestações populares contrárias à proposta. O papel de Otto Alencar (PSD-BA), presidente da CCJ, foi considerado determinante para consolidar a rejeição.
