Região turística do sul da Bahia vive sob tensão com avanço do crime

Empresários denunciam abandono e violência crescente em Porto Seguro. BR-367 é apelidada de “faixa de gaza” por ataques constantes.

Empresários relatam medo e perda de investimentos em Porto Seguro

“O paraíso virou um inferno.” A frase é de um empresário nascido em Porto Seguro, no litoral sul da Bahia, que optou pelo anonimato por medo de represálias. Ele descreve como a cidade, conhecida por suas belezas naturais e potencial turístico, tem sido dominada pela criminalidade.
De acordo com o relato, a violência na região se intensificou no último ano, com ações cada vez mais ousadas de facções criminosas. Um exemplo foi registrado em 12 de julho, quando integrantes de uma facção abriram fogo contra a casa de um comandante da Polícia Militar em Camamu, no Baixo Sul.

Criminalidade afeta turismo e paralisa vida noturna

Distritos como Caraíva e Itaporanga, pertencentes a Porto Seguro, estão entre os mais afetados. Em Caraíva, moradores evitam circular à noite, e as ruas ficam desertas por medo da presença de criminosos. Em Itaporanga, vídeos nas redes sociais mostram jovens e adolescentes armados andando livremente pelas ruas.
Somam-se a isso suspeitas de cooptação de indígenas por facções criminosas, o que agrava ainda mais o cenário de insegurança e dificulta a atuação das forças públicas.

Rodovia entre Eunápolis e Porto Seguro vira “faixa de gaza”

A situação também é crítica na BR-367, que liga Porto Seguro a Eunápolis. O trecho ganhou o apelido de “faixa de gaza” devido aos frequentes relatos de veículos interceptados por criminosos, inclusive com disparos de armas de fogo.
Um dos casos mais alarmantes ocorreu recentemente, quando um turista de São Paulo foi morto durante uma tentativa de assalto na rodovia.

Empresários fazem apelo por ação do Estado

“Os empresários estão pedindo socorro ao Estado. A sensação hoje é que os criminosos se sentem completamente livres para agir no extremo sul da Bahia. As autoridades têm que mostrar que o crime não é liberado, porque criminosos não encontram nenhuma resistência por parte do Estado. E quem gera emprego, renda e colocou investimentos aqui virou refém”, desabafou um investidor local.

Investimentos ameaçados e clima de insegurança geral

A violência compromete diretamente os investimentos na região, especialmente nos setores de turismo, hotelaria e gastronomia. O medo afasta visitantes e ameaça a economia de distritos que dependem do turismo como principal fonte de renda.
A população e os empresários aguardam por uma resposta efetiva do poder público diante do avanço do crime, que ameaça transformar um dos destinos mais famosos da Bahia em território hostil para moradores e visitantes.