Tarifaço: EUA pressionam Brasil a negociar e exigem ação contra Moraes
Governo Trump pressiona Brasil a negociar tarifaço e exige ação contra Alexandre de Moraes como condição para aliviar taxações. Entenda os bastidores.
Governo Trump inclui cobranças políticas em meio às sobretaxas de até 50% sobre produtos brasileiros
Emissários do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informaram a empresários norte-americanos que o Brasil será chamado a negociar o chamado “tarifaço”, que elevou em até 50% as tarifas sobre produtos brasileiros exportados aos EUA. A informação foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Apesar do anúncio, não há data definida para o início das conversas, e o Brasil continua sendo o país mais taxado pelo governo americano, com exceção da China, cujas alíquotas ultrapassaram 100% e foram suspensas temporariamente para tratativas bilaterais.
Brasil “no fim da fila” nas prioridades dos EUA
A prioridade do governo norte-americano tem sido negociar com parceiros comerciais com os quais os EUA têm déficit na balança comercial, como União Europeia, Japão e Indonésia. O Brasil, por outro lado, registrou superávit de US$ 253 milhões com os EUA em 2024, segundo o Ministério do Desenvolvimento, o que o colocou no fim da fila para negociações, conforme a lógica aplicada até aqui.
Mesmo assim, os empresários brasileiros foram informados que o Brasil será sim chamado, mas que há condições políticas atreladas à negociação.
Pressão explícita: EUA exigem ação contra Alexandre de Moraes
Na mais recente ordem executiva sobre o tarifaço, publicada nesta quinta-feira (30), o presidente Trump foi direto: exige do governo brasileiro uma postura contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como pré-requisito para reverter ou suavizar as tarifas impostas.
Trump acusa Moraes de abuso de autoridade judicial, perseguição política ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ameaça à segurança nacional dos EUA. No texto oficial, ele afirma que há uma “emergência nacional no Brasil” e que a situação afeta diretamente a política externa e a economia americana.
Diplomacia brasileira vê motivação política
O Palácio do Planalto e o Itamaraty avaliam que as ações unilaterais do governo Trump têm mais motivações políticas do que econômicas. A publicação de uma lista de exceções com 694 produtos – inicialmente vista como um recuo – trouxe algum alívio imediato, mas não dissipou o clima de incerteza.
Diplomatas destacam que nenhuma decisão até o momento foi fruto de discussões bilaterais reais. Tudo foi imposto diretamente por Washington, o que dificulta a leitura estratégica e aumenta o receio de novos decretos imprevistos.
Esforços brasileiros reconhecidos, mas ainda incertos
Mesmo diante da tensão, negociadores brasileiros avaliam que as iniciativas adotadas até aqui foram positivas. Entre elas:
- As teleconferências lideradas pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin;
- A missão de senadores brasileiros a Washington;
- O encontro entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado Marco Rubio, nos EUA.
No entanto, com Trump mantendo o controle direto sobre o processo, o temor no governo brasileiro é que novas medidas possam ser anunciadas a qualquer momento, sem aviso prévio.
Fique por dentro:
O Brasil continua articulando nos bastidores, mas a estratégia americana tem sido clara: exigir concessões políticas em troca de alívio comercial. A pressão aumenta, e a resposta do governo brasileiro será decisiva nos próximos dias.
