EUA podem isentar café, cacau e frutas tropicais de tarifas, mas exigem abertura para soja
Café, cacau e frutas tropicais podem ser isentos das novas tarifas dos EUA, mas países beneficiados terão que abrir mercado à soja americana, diz secretário.
Secretário do Comércio afirma que recursos naturais “incapazes de crescer em solo americano” podem ficar fora do tarifaço de Trump
O secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou nesta terça-feira (29/7) que o governo americano avalia a possibilidade de isentar alguns produtos agrícolas tropicais das tarifas anunciadas recentemente pelo presidente Donald Trump. A declaração foi dada durante entrevista à emissora CNBC.
Segundo Lutnick, itens como café, cacau, manga, abacaxi, banana, raízes e especiarias poderão ser poupados da taxação por não serem produzidos em solo americano em larga escala. No entanto, o secretário condicionou essa isenção à abertura dos mercados desses países para a soja norte-americana.
“Em nossos acordos comerciais, nossa expectativa é que, em relação aos recursos naturais indisponíveis, como uma banana, outras especiarias e raízes, pode não haver tarifa”, declarou o secretário. “Por que vocês esperam nos vender café e cacau e não nos deixam vender soja? Parece injusto. Vamos tornar isso justo”, completou.
Brasil pode ser diretamente afetado
O Brasil, um dos maiores exportadores mundiais de café e cacau, pode ser beneficiado pela isenção, mas terá de avaliar os impactos da exigência dos EUA em relação ao agronegócio nacional. O setor agrícola brasileiro, especialmente o de grãos, é altamente competitivo, e uma possível abertura para a soja americana pode gerar disputas internas e desequilíbrios no mercado.
Além disso, o café é uma das principais commodities brasileiras e movimenta bilhões de reais em exportações, sendo um pilar estratégico do agro brasileiro. A taxação do produto elevaria os custos e poderia prejudicar a competitividade do Brasil no mercado norte-americano.
Trump quer celeridade nos acordos
Howard Lutnick destacou ainda que o presidente Donald Trump está conduzindo essas negociações com agilidade incomum.
“Esses acordos normalmente levam décadas, mas Trump trabalha com tempo diferente e quer acordos feitos agora”, declarou.
Segundo ele, a decisão final sobre os produtos isentos e os países beneficiados caberá exclusivamente ao presidente americano. A movimentação, segundo analistas, faz parte da estratégia eleitoral de Trump, que busca reforçar sua imagem de liderança firme na proteção dos interesses comerciais dos Estados Unidos.
A possível negociação envolvendo café e cacau ainda não teve resposta oficial por parte do governo brasileiro.
