Bolsonaro se exalta ao vivo na CNN e xinga ao falar sobre possível prisão de Eduardo Bolsonaro
Jair Bolsonaro perde o controle em entrevista à CNN e usa palavrões ao comentar possível prisão do filho Eduardo, que está nos EUA. Mourão critica Trump e gera racha na base aliada.
Ex-presidente usou palavrões ao reagir à possibilidade de Eduardo ser preso caso retorne ao Brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu o controle durante uma entrevista ao vivo no canal CNN Brasil, nesta terça-feira (15), e proferiu palavrões ao comentar sobre uma possível prisão de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), caso ele retorne ao país. Eduardo está nos Estados Unidos desde fevereiro e tem sinalizado a intenção de abrir mão do mandato.
“Ele [Eduardo] tem 40 anos de idade, uma pessoa que tem responsabilidade e está abrindo mão [do mandato]. [Ele foi] o deputado mais votado da história do Brasil em 2018 com quase dois milhões de votos. Ele tem consciência que, se voltar para cá, vai ser preso. Ele já está no inquérito por abolição do Estado Democrático de Direito. Prra, dá para entender uma porra dessa?”, disparou Bolsonaro.
“Quero ver meu filho preso?”, diz Bolsonaro ao justificar permanência nos EUA
Visivelmente exaltado, Bolsonaro afirmou que a situação de Eduardo é delicada e criticou o Judiciário. “Um mês atrás ele estava em um inquérito específico para ele [com sentença de] 12 anos de cadeia. Quer que ele faça o quê? Que venha para cá para ser preso no aeroporto? Eu quero ver meu filho preso?”, questionou, visivelmente irritado.
Bolsonaro afirmou que não pode deixar o Brasil e que o filho também não pode retornar, o que dificulta o convívio familiar.
“Eduardo acabou de fazer 40 anos de idade. Não vou mais ver meu filho porque eu não posso sair do Brasil, e ele não pode vir pra cá agora. Ele está fazendo pelo Brasil, tem que ser reconhecido o trabalho dele”, completou.
Eduardo diz que trabalho nos EUA “é mais importante” do que o que faria no Brasil
Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos desde fevereiro e, em março, pediu licença da Câmara dos Deputados, justificando que sua missão no exterior seria “resgatar liberdades perdidas” no Brasil. Neste mês, chegou a declarar que considera abrir mão definitivamente do mandato.
De forma controversa, Eduardo atribuiu a si próprio a articulação que resultou no tarifaço de 50% imposto por Donald Trump aos produtos brasileiros. Ele celebrou a medida como “conquista” e pediu aos brasileiros que agradecessem ao ex-presidente norte-americano por meio de postagem no X (antigo Twitter).
Mourão critica interferência de Trump e Bolsonaro rebate
A declaração de Eduardo sobre a relação com Trump repercutiu mal no Senado. O ex-vice-presidente da República e atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) criticou a interferência direta do ex-presidente dos EUA na política interna brasileira, durante audiência na Comissão de Relações Exteriores (CRE).
“Não aceito que o ex-presidente Trump meta o bedelho em assuntos do nosso país”, afirmou Mourão, sinalizando um possível racha dentro da base conservadora.
Bolsonaro reagiu com desapontamento às críticas do antigo aliado: “Eu acho lamentável a declaração. […] Não quero mais arranjar problemas aqui. Espero que o Mourão nos mostre como resolver internamente esse problema. Ele tem meu número, pode me ligar e explicar”, afirmou.
O episódio eleva a tensão entre os aliados da direita e evidencia o impacto político das investigações judiciais envolvendo o clã Bolsonaro.
